PERGUNTAS & RESPOSTAS


SINAL DE SOCORRO


SINAL E O INSTRUMENTO DE TRABALHO

RESPOSTA - JUNHO/2017

Em 03/05/2017 o Respeitável Irmão Carlos Augusto Guimarães, Loja Irmão Firmino Escada, 2.220, REAA, GOSP-GOB, Oriente de Lorena, Estado de São Paulo, solicita o seguinte esclarecimento:

SINAL E O INSTRUMENTO DE TRABALHO.

Um Irmão de nosso Quadro de Obreiros afirma que durante os trabalhos da Oficina as Luzes da Loja devem fazer saudações, baterias e etc., com os malhetes.

Entendo equivocada a interpretação do nosso Irmão, já que em inúmeros manuais de dinâmica ritualística consta que "Todos os Sinais maçônicos são feitos com a mão e jamais com instrumentos de trabalho (Malhetes, Espadas, Bastões, Sacolas, Livros, etc.)".

Inclusive o editado pelo GOSP, pela administração 1987/1991, revisado em fevereiro/1991, (fls. 18) quando fala que "Não se faz sinal portando Malhete".

Entendo, finalizando, que não se faz os sinais com instrumento de trabalho e isso vale tanto para o Sinal de Ordem quanto para Saudação. Assim, Veneráveis e Vigilantes, na abertura e fechamento dos trabalhos, devem deixar os malhetes sobre suas mesas, fazendo os Sinais com as mãos, só usando os malhetes para as baterias. Da mesma forma, os demais portadores de instrumentos (espadas, bastões) não devem fazer Sinais, quando portando instrumentos de trabalho. Desta forma, solicito ao Dileto Irmão seja aclarada a questão posta, ou seja, se as Luzes da Loja devem ou não, durante os trabalhos da Oficina, fazer saudações, baterias e etc. com os malhetes.

CONSIDERAÇÕES.

É universal o costume de se fazer Sinal apenas com a mão, ou mãos conforme o caso, destacando-se que os Sinais Penais são feitos sempre com a mão direita, cujo objetivo é o de concordar simbolicamente com a pena descrita na ocasião das "obrigações" prestadas.

A questão é a de que não se faz Sinal usando para tal um instrumento ou um objeto de trabalho, o que em síntese significa que não se usa o objeto para com ele se compor ou executar um Sinal, seja ele o Gut.'., o Cord.'. ou o Ventr.'..

Mas o que ocorre é que desfortunadamente muitos Irmãos ainda não aprenderam a discernir um Sinal maçônico de uma "postura assumida" quando se empunha um objeto de trabalho, como um malhete, por exemplo - estando parado ou em deslocamento.

Assim, na regra ritualística de alguns ritos maçônicos, quem fica à Ordem, obrigatoriamente compõe o Sinal com a mão, ou mãos, entretanto se a sua mão direita estiver ocupada, ele não faz Sinal, porém se mantém a rigor com o instrumento de trabalho.

No caso do Venerável Mestre e dos Vigilantes, que tem como instrumento de trabalho o malhete, eles, ao se posicionarem à Ordem, deixam os seus respectivos malhetes sobre o móvel à frente e compõem o Sinal com a(s) mão(s). É hábito, mais do que anacrônico, o de ainda se achar que pousando o malhete no lado esquerdo do peito se esteja compondo um Sinal.

O que pode acontecer, dependendo da ocasião, é que uma das Luzes da Loja (ou todas elas) careça de se deslocar pela Loja com o malhete. Nesse caso, em deslocamento, ele empunha o malhete com a mão direita tendo o respectivo braço colado ao corpo e o antebraço na horizontal direcionado para frente. Estando parado, ele se mantém com o corpo ereto, pés em esquadria e o malhete por sua vez, agora descansado no lado esquerdo do peito, o que se faz girando o antebraço direito para a esquerda na horizontal. Entenda-se mais uma vez que isso não é Sinal, mas sim uma postura "a rigor" usando o instrumento de trabalho.

Agora, estando as Luzes da Loja (Venerável e os Vigilantes) em pé e à frente dos seus assentos, ratifico: eles compõem o sinal com a(s) mão(s).

Na verdade, qualquer obreiro que por dever de ofício traga consigo um objeto de trabalho, para tal existe postura, tanto durante o seu deslocamento como parado. É o caso do Mestre de Cerimônia trazendo o bastão ou a bolsa de propostas; do Hospitaleiro com a bolsa de solidariedade; dos Cobridores e Expertos com a espada quando desembainhada, etc.

Note-se que nenhum deles ao estar empunhando um instrumento de trabalho usa-o para fazer um Sinal, isto é, o Mestre de Cerimônias, por exemplo, não faz o Sin\ Gut\ passando o bastão pela sua garganta, nem o Vigilante faria a mesma coisa com o malhete, etc. Daí a advertência de não se usar nenhum instrumento de trabalho para se executar um Sinal maçônico.

No que diz respeito à percussão dos malhetes pelas Luzes, observo que não é errada essa prática durante as baterias dos Graus antes da aclamação ou mesmo durante aplausos. Se porventura for adotada essa prática (na minha Loja se faz isso), ela não estaria errada, aliás, no rigor da ritualística, todas as baterias executadas pelas Luzes da Loja deveriam ser perpetradas com o malhete.

Como último comentário e em nome da boa ritualística devo lembrar que quem estiver à Ordem, ou "a rigor" e parado em Loja aberta no REAA.'., sempre estará em pé, com o corpo ereto feito um prumo e os pés em esq\, pois não se deve compor um Sinal ou ficar a rigor, sentado. Ou ainda, em pé com as pernas afastadas uma da outra, ou o corpo inclinado.

Concluindo, não vou comentar os manuais de dinâmica mencionados na sua questão porque eu entendo que um manual deveria ser peça complementar do ritual em vigência para não existir contradição do tipo: antes era assim, na minha Loja se fazia assim, quando eu fui iniciado aprendi assim, etc. Infelizmente no presente e até agora não existe nenhum manual oficial em vigor editado pelo Poder Central do GOB, constando inclusive Decreto de 2009 proibindo os que eventualmente possam ainda existir, o que é mesmo lamentável.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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JUNHO/2017


APRENDIZ ASSUMINDO CARGO

RESPOSTA - JUNHO/2017

Em 27/04/2017 o Respeitável Irmão Paulo Roberto Ulema Ribeiro, Loja Discípulos de São João, REAA, Grande Oriente do Rio Grande do Sul, Oriente de Cachoeirinha. Estado do Rio Grande do Sul formula a seguinte pergunta:

APRENDIZ ASSUMINDO CARGO.

Na necessidade em determinada sessão, poderá o Aprendiz exercer o cargo de Chanceler ou de Mestre de Harmonia?

CONSIDERAÇÕES.

Sob o ponto de vista tradicional, na Moderna Maçonaria, desde a criação do grau especulativo do Terceiro Grau[1], somente assumem cargos em Loja, mesmo que em caráter provisório, os Mestres Maçons. Isso se dá de modo figurado levando em conta que simbolicamente os Aprendizes e Companheiros ainda não chegaram à plenitude maçônica, o que não lhes daria ainda qualificação para exercer um ofício na Loja.

Essa regra se aplica de modo geral e não só àqueles que ocupam cargo no Oriente. Aprendizes e Companheiros têm o seu lugar específico na Loja de acordo com os ritos.

Algumas Obediências, a exemplo do Grande Oriente do Brasil, atentando para essa tradição inserem nos seus próprios Regulamentos essa proibição. Inclusive ela determina que legalmente uma Loja só seja aberta com a presença mínima de sete Mestres - três a governam, cinco a compõe e sete a completam.

No caso de estarem presentes apenas sete Mestres e com eles também Aprendizes e Companheiros, mesmo assim só ocupam cargos os Mestres. Em número menor do que sete deles, não se abre a Loja. Entenda-se: essa é uma regra especulativa.

Ocorre, entretanto, que na contramão da história, algumas Obediências equivocadamente permitem através dos seus regulamentos que integrantes dos dois primeiros graus possam exercer cargos na Loja, desde que em caráter precário. Na verdade isso nada mais é do que uma justificativa capenga para arrumar o péssimo e famoso "jeitinho".

Concluindo, no caso da sua questão, sugiro que antes verifique o que preconiza o Regulamento Geral do vosso Grande Oriente.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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JUNHO/2017

[1] Criado em 1725 na Inglaterra e promulgado na Segunda Constituição de Anderson em 1738.


QUEM INSTRUI - PRIMEIRO OU SEGUNDO VIGILANTE?

RESPOSTA - JUNHO/2017

Em 20/04/2017 o Respeitável Irmão Jaime Ribeiro da Silva, sem mencionar o nome da Loja, Rito e Obediência, Oriente de Cruzeiro, Estado de São Paulo, através de correspondência via Trolha, formula a seguinte questão:

QUEM INSTRUI - PRIMEIRO OU SEGUNDO VIGILANTE?

Cabe ao Primeiro Vigilante instruir os Companheiros e ao Segundo Vigilante os Aprendizes?

Não é o que ensina a primeira instrução dos Aprendizes.

CONSIDERAÇÕES.

De modo autêntico quem instrui os Aprendizes é o Segundo Vigilante, enquanto que os Companheiros é o Primeiro Vigilante.

Essa prática na Moderna Maçonaria é devida à hierarquia na Loja e não pelo fato de que se deva coincidir com o Vigilante da respectiva Coluna.

Nos ritos maçônicos que nasceram no hemisfério setentrional, sempre os Aprendizes ocuparão o Norte e os Companheiros o Sul. Isso se dá inclusive para aqueles ritos que por razões históricas tradicionalmente invertem os seus Vigilantes (o Primeiro no Sul e o Segundo no Norte). Mesmo nesses, os Aprendizes permanecem no Norte e os Companheiros no Sul, excetuando-se algum rito que porventura tenha nascido no hemisfério meridional, como é o caso do Rito Brasileiro - nesse os Aprendizes ficam no Sul e os Companheiros no Norte.

Para que se possa entender isso é preciso antes se despir da fantasia de que o Templo Maçônico seja um modelo copiado do Templo de Jerusalém, pois na realidade a sala da Loja é simbolicamente um canteiro especulativo de obras composto simbolicamente por um segmento da superfície do Planeta e situado sobre o equador terrestre, cujos limites são relativos aos pontos cardeais. Seu piso é o solo terrestre e a sua cobertura é o céu.

Dados esses comentários indispensáveis, segue então a razão histórica do ministério de instrutor dado a cada Vigilante da Loja maçônica.

Na Maçonaria de Ofício (antecessora da Maçonaria dos Aceitos), na época dos canteiros medievais quando não existiam ainda nem ritos e nem templos maçônicos, os maçons se reuniam literalmente nos canteiros de obras, nos adros das igrejas e nas tabernas. Naqueles tempos, quando da admissão de um novo membro na guilda de construtores - isso ocorria geralmente no solstício de verão europeu, dia de São João, o Batista - costumeiramente era o Segundo Vigilante que recebia o candidato à admissão e lhe ministrava as primeiras instruções e informações. Instruído e informado, o candidato era então conduzido até o Primeiro Vigilante que fazia uma prece em seu favor. Em seguida o candidato era recebido na forma de costume pelo Mestre da Obra (na época um Companheiro experiente) que lhe tomava a "obrigação" diante do Evangelho de São João entregando-lhe em seguida as luvas e o avental operativo. O candidato então era constituído Aprendiz Admitido no Ofício e o Segundo Vigilante o conduzia até os instrumentos de trabalho para lhe ensinar os segredos da profissão.

Para receber aumento de salário, o que viria ocorrer somente após ter sido cumprido o seu tempo de aprendizado (geralmente de três ou cinco anos), o Aprendiz era então proposto e instruído como Companheiro de Ofício. Nessa oportunidade, quem o recebia era o Primeiro Vigilante, ocasião em que verificava e comprovava a sua habilidade no exercício da profissão. Certificando-se, o Primeiro Vigilante lhe ministrava as instruções finais e o recomendava ao Mestre da Obra para que ele fosse constituído Companheiro de Ofício (Fellow Craft).

Essa é uma síntese de como era o processo ancestral da Iniciação e do aumento de salário de um maçom operativo, bem como o de quem o instruía no trabalho. É oportuno lembrar, entretanto, que naquela época a Maçonaria de Ofício era constituída apenas por duas classes de trabalhadores - a dos Aprendizes e a dos Companheiros. Elas eram classes profissionais e não graus especulativos como hoje os conhecemos, a despeito ainda de que o Mestre da Obra era um Companheiro escolhido entre os mais experientes da Guilda.

Dado a esse roteiro ancestral é que genuinamente o Segundo Vigilante era quem recebia e instruía os Aprendizes e o Primeiro Vigilante, os Companheiros, destacando que na época o processo iniciático não era como o que hoje conhecemos e nem mesmo se dava em recintos decorados por liturgias específicas. A Loja era literalmente uma oficina (canteiro de obras) onde trabalhavam os artífices da pedra de cantaria.

Assim, no intuito de se preservarem os costumes do passado, é que alguns ritos da Moderna Maçonaria procuraram preservar a tradição (a exemplo do REAA) atribuindo emblematicamente ao Segundo Vigilante a missão de instruir os Aprendizes e ao Primeiro os Companheiros, destacando-se que os Aprendizes ocupam o Norte do recinto e o Segundo Vigilante o Sul, enquanto que os Companheiros ocupam o Sul e o Primeiro Vigilante o Norte.

Nesse caso a questão não é a de que os Vigilantes necessariamente precisem ser os instrutores nas suas respectivas Colunas, mas a de tradição e hierarquia, até porque esse tem sido apenas um elemento figurado de interpretação, pois a qualquer Mestre do Quadro é dado o ofício de instruir.

É verdade, porém, que existem ainda muitos rituais escoceses em vigência adotados pelas Obediências que às vezes não seguem essa regra autêntica, contradizendo equivocadamente as verdadeiras origens e costumes da Ordem. Infelizmente eles existem e muitos deles são legalmente adotados.

Outro aspecto relevante para ser observado é que na Moderna Maçonaria a regra que envolve os Vigilantes, e deles qual instrui, não é universal quando se tratar de Ritos e Rituais, pois nem todos eles seguem essa particularidade, já que originariamente muitos ritos nasceram cada qual com a sua própria liturgia. Em síntese, não se deve generalizar procedimentos na Maçonaria achando que nela tudo é igual.

Mesmo nos rituais escoceses brasileiros encontramos inúmeras contradições nesse sentido que geralmente foram adquiridas através de cópias (tesoura e cola) de rituais anacrônicos do passado, mas que continuam se espalhando como ervas daninha no solo da cultura maçônica.

Não me canso de mencionar que infelizmente muitos Irmãos, sem qualquer critério, ficam por aí defendendo teses ritualísticas, principalmente em grupos na Internet e fazendo comparações como: "era assim no passado", "eu tenho muitos rituais antigos", etc. Infelizmente, esses se esquecem de que antes de se proferir considerações laudatórias, primeiro é prudente se certificar da veracidade dos fatos escritos. Afinal, nem tudo que reluz é ouro.

Outro enorme problema relacionado aos que apenas se prendem nos escritos de rituais anacrônicos é o de que muitos deles não compreendem a razão existencial de cada prática ritualística e a sua simbologia. Sintetizando, a questão não é apenas a de estar escrito, mas sim a razão dela existir na liturgia do rito - isso é básico para a compreensão de um arcabouço doutrinário.

Concluindo, são esses os apontamentos relativos às instruções e quem é o responsável por ministra-las aos Aprendizes e Companheiros, particularmente no Rito Escocês Antigo e Aceito.

E.T. 1 - A questão de quem deve instruir e de quem deve receber a instrução é somente de caráter figurado para preservar tradições, mas não de obrigatoriedade, já que é dever de todo o Mestre Maçom ministrar preleções instrutivas em Loja, daí nem sempre a incumbência de prover instruções inseridas nos rituais estarem direcionadas exclusivamente para esse ou aquele Vigilante. Conforme os rituais, delas geralmente participam, além dos Vigilantes, o próprio Venerável, o Mestre de Cerimônias, os Diáconos, etc. - tudo conforme o Rito adotado. O mais tradicional no que diz respeito à incumbência dos Vigilantes para esse mister é mesmo o das instruções que visam promover aumento de salário.

E.T. 2 - Como prática dos "antigos", vide o Craft inglês que aqui no Brasil é conhecido como Rito de York. Nele a Pedra Bruta fica junto ao Segundo Vigilante no Sul e os Aprendizes no lado oposto no nordeste da sala da Loja, enquanto que a Pedra Cúbica fica junto ao Primeiro Vigilante no extremo do Ocidente e os Companheiros no lado Sul da Loja. Esse é um fato que demonstra perfeitamente não haver necessidade de coincidência de lado (coluna) entre o que instruí e o que é instruído.

T.F.A.

PEDRO JUK

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JUNHO/2017


REAA E SUA RELAÇÃO COM A ASTRONOMIA

RESPOSTA - JUNHO/2017

Em 16/04/2017 o Respeitável Irmão Warley Pompeu Marques, Loja Major Adolfo Dourado, 2.196, REAA, GOEPA - GOB, Oriente de Belém, Estado do Pará, solicita esclarecimentos para o que segue:

O REAA E SUA RELAÇÃO COM A ASTRONOMIA

Como a Astronomia Influenciou de forma determinante no R.E.A.A.?

Já que é um Rito que abarca o Estudo da Natureza e Deísta (Filosófico)?

Grato pelos seus esclarecimentos.

CONSIDERAÇÕES.

Resumidamente na Moderna Maçonaria a Astronomia como ciência só seria mencionada a partir do século XVIII quando do envolvimento das Sete Artes e Ciências Liberais da Antiguidade nas lições especulativas e dos catecismos dá época. Como ciência, a Astronomia aparece na ordem dada por Boécio (trivium e quadrivium) como a sétima ciência e, em linhas gerais, tem sido abordada na Maçonaria como exemplo de harmonia e equilíbrio existente no Universo.

No que diz respeito a esse tema e o Rito Escocês Antigo e Aceito em particular, objetivamente a Astronomia se apresenta relacionada ao estudo que compara a evolução humana à Natureza. Em tese, na ciência maçônica a Astronomia é mais um elemento comparativo do que um estudo de mecânica do Universo.

Em alguns ritos maçônicos a relação Astronomia - Maçonaria pode ser observada nas abóbadas (firmamento) e seus astros, constelações e estrelas que decoram o teto da Loja; na alegoria relativa à movimentação anual e diária do Sol (solstícios e equinócios; meio-dia, meia-noite), nos destaques dados ao Sol e a Lua como elementos referenciais e ainda nos ciclos naturais se relacionados aos alinhamentos que envolvem o Sol e as Constelações do Zodíaco (não confundir com astrologia).

De fato, a Moderna Maçonaria, eclética por natureza, montou a sua estrutura doutrinária visando aprimorar o homem comparando-o a um elemento suscetível às Leis da Natureza, seja ela tomada do ponto de vista deísta ou teísta.

Nesse particular, o Templo Maçônico esotericamente representa o palco desse teatro de transformação, estando ele intimamente ligado ao código natural das Leis do Universo. Nele o Homem, independente da sua óptica religiosa, é a matéria prima empregada na realização da Grande Obra, ou da Obra do Sol.

É nesse sentido que a ciência da Astronomia, em maior ou menor escala, é aplicada na Maçonaria.

Seja ela de modo figurado ou filosófico, ela é uma ciência importante que compõe o mecanismo simbólico destinado a alcançar o objetivo proposto.

Obviamente que na Maçonaria o estudo da Astronomia não é aprofundado tal como se faz parte na agrade curricular de uma universidade, entretanto, também ela não é levada como uma questão empírica, já que indubitavelmente, mesmo de modo superficial, essa ciência tem sido um dos esteios das práticas especulativas maçônicas.

Concluindo, vale a pena antes mencionar que teísmo e deísmo são concepções filosóficas. A primeira admite a existência de um deus pessoal, causa do mundo, enquanto que a segunda se relaciona a um sistema ou atitude dos que, rejeitando toda espécie de revelação divina e, portanto, a autoridade de qualquer Igreja, aceitam, todavia, a existência de um Deus, destituído de atributos morais e intelectuais, e que poderá ou não haver influído na criação do Universo - in Dicionário Eletrônico Aurélio. O REAA, como filho espiritual da França, é um rito deísta, todavia não há como negar que ele, nos seus graus simbólicos, também recebeu historicamente influências teístas adquiridas por influências anglo-saxônicas (dos "antigos").

T.F.A.

PEDRO JUK

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PRÁTICAS RITUALÍSTICAS E REGIMENTAIS

RESPOSTA MAIO/2017

Em 13/04/2017 o Respeitável Irmão Ícaro Bandeira, Loja Academia de Suassuna Carpinense, REAA, GOIPE (COMAB), sem mencionar o nome do Oriente (Cidade), Estado de Pernambuco, através do meu blog de perguntas e respostas https://pedro-juk.webnode.com/ formula as seguintes questão:

PRÁTICAS RITUALÍSTICAS E REGIMENTAIS

Meu estimado, irmão, mais uma vez venho solicitar vossa ajuda no sentido de dissipar algumas dúvidas no que tange a práticas ritualísticas e regimentais, considerando o grande cabedal de conhecimento que o irmão detém. Passarei a expor minhas dúvidas:

1 - Em minha Oficina, o dirigente ordena que, na abertura o Livro da Lei, antes mesmo do término da leitura e da disposição do E\ e do C\ sobre o mesmo, de acordo com o grau a ser trabalhado, os irmãos já se mantenham à Ordem. De outra banda, numa oficina do GOB que visitei recentemente, o sinal só feito após o término da leitura e da disposição das ferramentas. Qual maneira de se proceder estaria de acordo com a boa ritualística?

2 - Recentemente, quando dos treinos a respeito do telhamento em minha Oficina, um irmão ensinou que quando o obreiro atrasado pede autorização ao Venerável Mestre para tomar lugar em Loja (antes das perguntas), deverá ficar com o braço estendido à frente, numa espécie de juramento. Entendo que tal postura seria inconveniente, uma vez que estando de pé, e em Loja aberta, o obreiro deverá ficar sempre à Ordem. Gostaria de vossas considerações a tal respeito.

3 - Por fim, gostaria do seguinte esclarecimento: minha Oficina tem um reduzido número de obreiros, por ser uma loja relativamente nova; temos três Mestres Instalados, alguns Mestres mais antigos (quatro ou cinco) e alguns mais novos, dentre eles, este que vos subscreve (um ano de exaltado), além de dois Companheiros e dois Aprendizes. Com a proximidade do pleito - junho próximo-, os irmãos foram uníssonos no sentido de sugerir que este que vos fala suceda a direção da oficina, pois os Mestres Instalados da Suassuna Carpinense já estão com idade avançada. Todavia, a constituição do GOIPE aduz que só Mestres com três anos de exaltação podem ser candidatos, conforme repliquei na ocasião. Em contrapartida, os irmãos argumentaram que isso não seria óbice, pois o Grão-Mestre supostamente poderia mitigar esse prazo a pedido. Gostaria das suas considerações.

CONSIDERAÇÕES.

1 - No caso do REAA, a regra original e universal é a de que somente se faz Sinal após a Loja estar devidamente aberta (na forma ritualística). A exceção é apenas aquela que demanda antes da sua composição para a competente verificação nas Colunas pelo Vigilante, ou Vigilantes conforme o caso, certificando-se simbolicamente que os verificados estão habilitados para participar dos trabalhos. Na realidade é desse procedimento que depende a continuidade ritualística para abertura da Loja.

Assim, no que diz respeito a sua questão, o Livro da Lei é aberto, lido no trecho específico e por fim sobre ele são dispostos, na forma de costume, o Esquadro e o Compasso. Somente a partir desse momento o Venerável ordena que todos (nas Colunas e no Oriente) fiquem à Ordem; nunca antes.

Em qualquer circunstância, mesmo sendo ela contraditória, segue-se o ritual em vigência.

2 - Essa do braço estendido à frente não existe nessa oportunidade e é um gesto que deve ser abortado. Só espero que isso não esteja inserido no ritual.

É certo o que observa o Irmão na sua questão: "é inconveniente", pois ingressando formalmente, depois de saudar as Luzes o retardatário se posiciona à Ordem para responder ao telhamento tradicional (questionário).

3 - Nada contra os novos e os antigos. Em qualquer caso, segue-se a Constituição da Obediência. Entretanto, se for possível legalmente abrandar o previsto no artigo constitucional por Decreto ou Ato do Grão-Mestrado, então a decisão de solicitar essa providência à Obediência é exclusiva da Loja.

Ratifico que essa prática se dará somente se houver legalidade para tal.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


FILHOS DA VIÚVA E ARTE REAL - SIGNIFICADO

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 13/04/2017 o Respeitável Irmão Lauro Goerll Filho, Loja Filhos do Pelicano, REAA, GOB-PR, Oriente de Cianorte, Estado do Paraná, solicita os seguintes esclarecimentos através do meu blog https://pedro-juk.webnode.co

FILHOS DA VIÚVA E ARTE REAL

Tenho, no momento duas dúvidas: O porquê de os maçons serem chamados de "Filhos da Viúva". E da referencia à Maçonaria como Arte Real.

CONSIDERAÇÕES:

Filhos da Viúva. A principal explicação para o uso dessa expressão com a qual também se denominam os maçons é a de que ela se relaciona inteiramente com a Lenda do Terceiro Grau (Lenda de Hiran Abif, ou Hiran, meu pai).

Essa Lenda, além da sua relação com a fábula Noaquita (Noé e os seus três filhos), é também largamente baseada na lenda de Osíris que, por sua vez é haurida dos cultos solares da antiguidade (ver essa Lenda no Antigo Egito).

Na concepção maçônica da Lenda Hirâmica, Hiran é tido como o arquiteto e hábil decorador do Templo, sendo ele filho de uma viúva da Tribo Neftali.

Na realidade essa relação emblemática da Lenda é "solar" e é tida como a representação da morte e da ressurreição da Natureza. Em síntese ela procura representar de modo velado por símbolos e alegorias que a mãe Terra fica viúva do Sol uma vez por ano, ou seja, durante o ciclo do inverno quando a escuridão prevalece sobre a luz - dias curtos e noites longas conforme o hemisfério.

Assim a Terra é a "viúva" e o maçom simbolicamente o seu "filho". Explica-se: na lenda maçônica, Hiran é a alegoria do Sol que morre para renascer na primavera revivendo a Natureza purificada (o fogo renova a Natureza inteira - concepção mitráica).

É adequado o entendimento de que o ciclo da vida humana na Terra se dá de modo análogo à divisão dos ciclos naturais - infância (primavera), juventude (verão), maturidade (outono) e morte (inverno). Essa concepção tida como deísta fica bem latente na vertente latina da Maçonaria como é o caso do REAA. Note que nesse Rito, os ciclos naturais, que servem como exemplos relativos à existência humana, são representados, sobretudo, pelas doze Colunas Zodiacais, cujas suas localizações na Loja, ladeando o canteiro de trabalho no topo da Coluna do Norte e do Sul, se iniciam na constelação de Áries (começo da primavera no Norte - ressurreição) e segue seu ciclo até Peixes (ainda o inverno no Norte - morte da Natureza), destacando-se que a referência Norte é para o hemisfério Norte do nosso Planeta por ter sido nele onde nasceu a Maçonaria, objeto desse estudo.

Sinteticamente essa é a senda iniciática que o maçom percorre como Aprendiz, Companheiro e Mestre e relacionado diretamente a essa alegoria, estão as Luzes dos candelabros de três braços adotadas em alguns ritos que, na sua plenitude, estarão com todas as nove luzes acesas, no entanto ainda ficam faltando três Luzes para perfazer o ciclo natural completo que é doze (doze são os meses do ano). Na realidade essa falta das três Luzes é proposital, pois as suas ausências se referem justamente ao inverno quando a Terra fica "viúva" da Luz.

Assim, o maçom ao ser exaltado (ou elevado conforme prevê a vertente inglesa de Maçonaria) ao Terceiro Grau, e por ter sido ele o personagem principal desse teatro simbólico, acabou sendo então identificado como "Filho da Viúva" - Filho da Terra.

Como identidade o termo "Filho da Viúva" é generalizado e não depende dessa ou daquela vertente maçônica (francesa ou inglesa), pois nos sistemas cujos ritos e trabalhos não possuem simbologia e alegoria análoga à mencionada do REEA, a identificação mesmo assim se dá por ter sido Hiran, segundo a Lenda, também o "Filho de uma Viúva da Tribo Neftali".

A Arte Real. Essa é uma expressão que pode ser perscrutada sob dois aspectos. Uma como aquela ligada às Corporações de Ofício medievais e a outra sob o ponto de vista do misticismo alquímico que ingressou na Ordem especulativa a partir do século XVIII.

Sob o ponto de vista histórico, as Corporações de Ofício (operativo) quando das Associações Monásticas, Confrarias Leigas e a Francomaçonaria, além delas serem subordinadas à Igreja, adquiriram muitos hábitos dos antigos construtores anteriores à Maçonaria, a exemplo dos Collegiati que pertenceram à primeira associação de ofício organizada denominada Collegia Fabrorum à época do imperador romano Numa Pompílio no século VI a. C., cuja organização iria perdurar até a Idade Média. Na realidade esses construtores tinham a missão de reconstruir o que a atividade bélica ia destruindo nas conquistas romanas pela Europa.

Historicamente, graças a essa especial organização e subordinação que se seguiriam até os reinados da época medieval é que a Maçonaria de Ofício, composta por artífices medievais (canteiros), acabaria sendo também conhecida pelo título de Arte Real, título esse que seria estendido à Maçonaria Especulativa e por fim até a nossa Moderna Maçonaria. O termo Real, como adjetivo, se refere ao que pertence ou é relativo ao rei ou à realeza; régio, já que a Maçonaria, além do amparo da Igreja, viria viver um bom período também sob a proteção de reis e reinados.

Como segunda definição desse título dado à Maçonaria, a Arte Real sob o ponto de vista da alquimia, ficou conhecida como a Grande Obra, ou a Obra do Sol também denominada sob essa óptica como Arte Real. Na realidade essa "arte" se propunha a transformar o vil metal em ouro pela purificação dos elementos. A alquimia, mãe da química, teve uma grande propagação na época e tratava, no seu sentido experimental, de utilizar as forças da Natureza procurando com isso dar aos seus iniciados a ideia de um mistério profundo na busca de um solvente universal (menstruum universale), cujo corolário desse conhecimento ficaria conhecido como a verdadeira pedra filosofal. Para o grande alquimista do século XVI, Aurelius Filipus Teophrastus Bombastus Von Honenheim, conhecido como Paracelso, a alquimia era uma ciência a transmutar os metais uns em outros, o que se resumia em procurar transformar as imperfeições dos metais em ouro. Nesse mesmo sentido a prática alquímica também buscava pelo elixir da longa vida como uma espécie de panaceia universal que se propunha curar todos os males naturais dos homens.

Entretanto, pensadores adeptos do misticismo e do ocultismo, através da alquimia mística, desprezavam o ouro material preocupando-se apenas com o "ouro espiritual", por isso, transcendental. Assim, todos os esforços da alquimia mística e oculta, contrários à alquimia prática, eram dirigidos à transmutação do quaternário inferior humano (quadrado) ao ternário divino (triângulo), de tal modo a alcançar a totalidade cósmica (círculo). Os quatro elementos materiais de então, Terra, Ar, Água e Fogo, eram comparados na alquimia mística aos planos, espiritual, mental, psíquico e físico da natureza humana.

Nesse sentido, a Moderna Maçonaria influenciada por pensadores adeptos dessa alquimia, em alguns dos seus ritos, acabou recebendo muitas práticas simbólicas que nela ingressaram a partir do século XVIII, tanto no sentido da alquimia prática como no da mística. É o caso, por exemplo, do REAA com a representação dos "quatro elementos da antiguidade" (terra, ar, água e fogo), presentes inclusive nas suas viagens iniciáticas e na Câmara de Reflexão onde se apresentam símbolos como o do enxofre, do mercúrio, do sal, etc.

Na realidade a Maçonaria não trata de ocultismo e nem propõe a prática da alquimia, porém desenvolveu através dos seus símbolos uma alegoria destinada a sugerir a transformação e aprimoramento do Homem, cujas características lhe deram o nome de Grande Obra, ou Obra do Sol ou ainda de Arte Real, identificando, evidentemente, o Sol à Luz da Verdade e do Conhecimento.

A ideia especulativa na Maçonaria de transformar o Homem num elemento capaz de construir um Templo à Virtude Universal se coaduna com a sua prática iniciática, a despeito de que é por ela que se tem buscado incessantemente o aperfeiçoamento do maçom.

Dadas essas considerações, são esses os significados que dão ao maçom o título de Filho da Viúva e para a Maçonaria o de Arte Real.

É oportuno por fim comentar que a Moderna Maçonaria é uma Instituição que ordena os seus objetivos através de um sistema particular velado por símbolos e alegorias. Assim, no que diz respeito ao significado da expressão "Filho da Viúva" abordada na primeira parte desse arrazoado e nela a menção de Lendas que se remetiam ao antigo Egito como a de Osíris, assim como outras mencionadas, em nenhuma hipótese elas se deram para afirmar existência de Maçonaria naqueles tempos remotos. Elas foram comentadas apenas para sugerir o arquétipo de uma lenda que a Moderna Maçonaria criou para montar o arcabouço doutrinário do Terceiro Grau. Do mesmo modo quando, a título de esclarecimento, foi feita referência ao termo "Arte Real" relacionado ao Imperador e aos Collegia Fabrorum nascidos no século VI a. C. - isso também não afirma existência de Maçonaria naquela época.

Na verdade essas referências foram feitas apenas com o objetivo singular de demonstrar alguns pormenores que envolveram a criação e a evolução do arcabouço doutrinário da Maçonaria. É sabido, reitero, que autenticamente a Sublime Instituição possui documentalmente apenas aproximados 800 anos de história.

Do mesmo modo ocorreu nesse escrito quando fora feita menção à arte da alquimia, porquanto a mesma teve apenas o caráter elucidativo de o porquê da existência de algumas alegorias maçônicas a ela relacionadas. Com isso, afirma-se que a Maçonaria não é alquimista e nem mesmo a exercita, muito menos sugere qualquer aprendizado ocultista.

É mister compreender que os símbolos e as alegorias maçônicas compõem a espinha dorsal de uma Ordem que tem como um dos seus objetivos principais prestar ensinamentos éticos, morais e sociológicos aos "Filhos da Viúva" que praticam a "Arte Real".

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


REAA - FERRAMENTAS DO APRENDIZ

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 03/04/2017 o Respeitável Irmão José Luiz Horner Silveira, Loja Renovação, 3.387, REAA, GOB-SC, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, solicita o seguinte esclarecimento.

REAA - FERRAMENTAS DO APRENDIZ

Mais uma vez recorro à sapiência do nobre Irmão.

Eis minha dúvida:

É correto dizer que as ferramentas do Grau de Aprendiz maçom no GOB são a régua de 24 pol, o maço e o cinzel?

Ou apenas o maço e o cinzel, já que a régua não está representada em nosso painel.

CONSIDERAÇÕES.

Esse tem sido um equívoco adquirido pela não observação das particularidades dos Ritos e Trabalhos das duas principais vertentes maçônicas.

Não é uma questão de "Aprendiz maçom do GOB", mas deveria ser genuinamente a do Aprendiz Maçom do REAA. Infelizmente no Brasil muitos rituais enxertados com costumes de outros ritos foram editados e aprovados o que acabou por nos trazer dúvidas como a aqui tratada.

Verdadeiramente no escocesismo simbólico o Primeiro Grau detém como ferramentas de trabalho apenas o Maço e o Cinzel, enquanto que a Régua de 24 Polegadas é um dos instrumentos do Companheiro Maçom. Isso pode ser facilmente observado nas alegorias originais francesas do Aprendiz e do Companheiro usadas no REAA, onde sinteticamente se vê o Aprendiz desbastando a Pedra Bruta e nela aplicando no ofício o Maço e o Cinzel, enquanto que na alegoria do Segundo Grau é perfeitamente visível a Régua como uma das ferramentas trazidas pelo Companheiro para aplicar na Pedra Cúbica. Isso não acontece por acaso, pois as alegorias representam as etapas (idades) de aperfeiçoamento e os métodos aplicados (pelas ferramentas) para se chegar ao resultado apropriado de acordo com a doutrina do Rito.

Do mesmo modo, há que se observar o conteúdo dos respectivos Painéis do Grau do Rito, a despeito de que eles não estejam ainda deturpados. Visualizando cada Painel, no do Aprendiz não aparece a Régua, já no de Companheiro, ela se faz presente. Isso acontece porque o conjunto dos símbolos contidos nos Painéis significa a Loja aberta de acordo com o Grau, portanto o conjunto alegórico é disposto de tal modo que lembrem as práticas ritualísticas executadas nos trabalhos litúrgicos, principalmente naqueles que acontecem durante as cerimônias de Iniciação e de Elevação.

Dadas essas explicações e para melhor esclarecimento da dúvida apresentada na questão que envolve o uso da Régua no Primeiro Grau em alguns rituais escoceses, primeiro cabe lembrar que o Rito Escocês Antigo e Aceito, apesar do vocábulo titular "escocês", é um rito originário da França.

Dito isso, o uso da Régua Graduada é comum no Grau de Aprendiz, mas na vertente inglesa de Maçonaria, ou seja, no Craft inglês e não no escocesismo simbólico que é de vertente francesa. Além do que, não há como esquecer que os costumes litúrgicos maçônicos, embora com o mesmo objetivo, muitas vezes se diferem entre os seus ritos e rituais, sobretudo quando observadas às suas origens e as suas estruturas doutrinárias.

Desafortunadamente, sobretudo na Maçonaria brasileira, essa mania desenfreada das Obediências em editar exponencialmente rituais, muitas práticas e costumes próprios de alguns ritos acabaram sendo enxertados em outros, sobretudo por obra da desatenção e pelo próprio desconhecimento de causa dos seus artífices.

Provavelmente no Brasil, o equívoco específico relativo à Régua no Primeiro Grau do REAA ocorreu - bem como outras não menos importantes - no início do segundo quartel do século passado por razões históricas que envolveram uma Obediência e o seu reconhecimento, mas esse é fato que não merece aqui ser comentado. Naquela oportunidade muitas práticas do Craft norte-americano, que por sua vez é originário do inglês, acabariam por aqui aportando incorretamente no escocesismo.

Concluindo, independente de ritual dessa ou daquela Obediência, em se tratando do escocesismo original, a Régua de 24 Polegadas não é instrumento do Aprendiz, senão do Companheiro. Ritual do escocesismo que porventura exarar ao contrário estará nocivamente o misturando com práticas de outros ritos, o que pode tornar contraditório ou dúbio o sentido da sua interpretação.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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MAIO/2017


A G. DO MESTRE

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 01/04/2017 o Respeitável Irmão Renato Pirola, Loja Mensageiros da Luz, 1.783, REAA, GOB-ES, Oriente de São Mateus, Estado do Espírito Santo, solicita por intermédio do meu Blog https://pedro-juk.blogspot.com.br a seguinte informação:

A G.'. DO MESTRE.

Gostaria de contar com informações sobre a(s) origem(ns) da g\ de Mestre e seu(s) significados.

CONSIDERAÇÕES.

Em se tratando da Moderna Maçonaria e o grau de Mestre que só apareceria como grau especulativo em 1.725, a G\ tem origem nos C.'. PP.'. PP.'. do Companheirismo que, após o oficialização do Terceiro Grau (no começo só existiam duas classes de trabalhadores) passou a ser o dos C.'. PP.'. PP.'. do Mestre - em alguns catecismos como "PP.'. da Maçonaria".

Todo esse conjunto emblemático do qual a G.'. é parte integrante tem origem na Lenda do Terceiro Grau que, provavelmente nascera de outra lenda ainda mais antiga, cuja qual se referia a Noé e os seus três filhos, Sem, Can e Jafé (essa Lenda é citada em alguns fragmentos das Antigas Obrigações).

Em se tratando da Lenda Hirâmica, a G.'. é um dos PP.'. formados pela união das mm.'. dd.'. na ocasião em que o Mestre é revivido. O gesto das mm.'. dadas e tomadas em auxílio pelos protagonistas representa a virtude da Fraternidade.

Nesse sentido a G.'. da Fraternidade junto com os demais PP.'. compõe o T.'. do Mestre que é dado pelos C.'. PP.'. PP.'. (vide no ritual a origem na postura e no movimento dos dois protagonistas no encerramento da cena lendária).

Todo esse conjunto emblemático originário da cena representada pela qual o Mestre é revivido, inquestionavelmente é o ápice da Exaltação e se reveste de importantes lições de moral e sociologia.

NOTA - O Mestre precisa saber que o T.'. relativo ao seu grau é dado sempre pelos CC.'. PP.'. PP.'. e não apenas pela G.'. como alguns rituais costumam equivocadamente preconizar numa flagrante e preguiçosa simplificação.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


TRÂNSITO DO M. CC. FORA DO TEMPLO

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 29/03/2017 o Respeitável Irmão Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, REAA, GOP (COMAB). Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento:

TRÂNSITO DO M.'. CCER.'. FORA DO TEMPLO

Minha dúvida: o mestre de cerimônias poderá circular fora do templo e, descobri-lo, saindo e retornando assim que por algum motivo necessitar? Ou sempre depende da abertura e fechamento da entrada do templo pelo irmão guarda do templo? Neste caso, toda vez que tiver que sair do templo, terá que bater maçônicamente à porta do templo, ao retornar, e aguardar o guarda do templo abri-lo?

CONSIDERAÇÕES:

Consuetudinariamente o Mestre de Cerimônias no REAA é oficial que, por dever de ofício, pode transitar livremente na Loja durante os trabalhos sem que para isso precise obter autorização. É elementar, entretanto, que essa prática somente se dá pela necessidade do seu ofício e nunca se a situação não exigir. Comento isso porque num passado não muito distante, havia o hábito equivocado de que o Mestre de Cerimônias podia se deslocar de uma para outra Coluna, ou para o Oriente, para fazer o uso da Palavra. Na verdade isso não é e nunca foi prática ritualística correta, pois se existe liberdade para esse oficial, ela é aplicada apenas à precisão do seu ofício.

No que diz respeito ao seu trânsito livre além dos limites do Templo (Loja), ele somente o tem se houver mesmo real necessidade - ou por uma situação inesperada ou para atender a liturgia.

No caso do Mestre de Cerimônia se deslocar para fora da sala da Loja, não sendo para conduzir entradas formais ou alguma outra determinação ritualística específica, então ele mesmo abre a porta para se retirar, tomando o cuidado de à sua passagem fechar a porta para manter a cobertura do recinto. Ao seu retorno, ele ingressa sem formalidade abrindo e fechando a porta à sua passagem. Num caso desses não há necessidade do Cobridor ficar a abrir e a fechar a porta para ele.

Em síntese Mano, podem surgir inúmeras situações momentâneas e que dependem do bom senso no caso de quem abre e fecha a porta nessa oportunidade, o que pode, dependendo do caso, necessitar ou não do auxílio do Cobridor.

Assim, saída e entrada formal do Mestre de Cerimônias somente se a situação a exigir devido ao cerimonial. Em circunstâncias informais ele entra e sai livremente desde que isso não se repita exageradamente para atender motivos fúteis.

Recomenda-se ainda que o Mestre de Cerimônias só porte (empunhe) o bastão quando estiver conduzindo alguém (indo à frente) ou se o ritual assim determinar. Em outras situações, preferível é que ele esteja com ambas às mãos livres, inclusive para confortavelmente poder abrir a porta - se esse for o caso.

Concluindo, a ritualística depende do equilíbrio e desenvoltura por parte de quem a executa e comanda; daí não é a toa que cargos em Loja só são preenchidos por Mestres, observados ainda as suas comprovadas competências para o cargo.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


FOGO VOTIVO?

RSPOSTA - MAIO/2017

Em 28/03/2017 o Respeitável Irmão Onivaldo Mioto, Loja Universitária de Cascavel, REAA, GOB-PR, Oriente de Cascavel, Estado do Paraná, formula através do meu blog https://pedro-juk.blogspot.com.br a seguinte questão:

FOGO VOTIVO

Faço o questionamento a respeito do fogo e votivo, que horas apagar no encerramento da sessão. Pode ser na sequência do apagar da luz do altar do Venerável?

CONSIDERAÇÕES.

Em hipótese alguma existe esse tal de "fogo votivo" no REAA\. Não existe nele nada relacionado ao adjetivo que mencione algo ofertado em cumprimento de voto ou promessa quando as Luzes litúrgicas são acesas ou apagadas.

Penso que o Irmão está se confundindo devido a uma luz auxiliar que pode estar acesa no caso das Luzes litúrgicas ainda serem velas em lugar de lâmpadas elétricas. Assim, ela, sem significado algum, serve apenas para auxiliar no acendimento das Luzes litúrgicas e a sua presença é opcional.

Vale a pena salientar que as Luzes litúrgicas são apenas aquelas que ficam dispostas e acesas conforme o Grau de trabalho da Loja sobre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e mesas dos Vigilantes.

Essa vela dita "votiva", que alguns ainda insistem em mencionar, como foi dito, é apenas uma vela auxiliar que serve de suporte para acender as Luzes litúrgicas, se for o caso - vide a página 23 dos Procedimentos Ritualísticos REAA, edição 2016 - Aprendiz Maçom do GOB/PR, pois eu tive o cuidado de nele explicar muito bem o que é e para que serve essa vela auxiliar.

Além disso, em hipótese alguma é prevista a "chama ou fogo votivo" nos rituais de Aprendiz, Companheiro e Mestre do REAA em vigência do Grande Oriente do Brasil.

Assim, como explicado nos Procedimentos Ritualísticos, essa vela acesa só seve para acender outras, evitando assim que o oficial responsável, a bem da boa geometria litúrgica, não precise ficar naquele momento procurando isqueiro sou fósforos para cumprir sua missão. Cumprida essa função, o Mestre de Cerimônias simplesmente apaga a chama auxiliar, pois ela não serve para mais nada - digo isso citando como exemplo as Lojas que adotam lâmpadas elétricas para as Luzes litúrgicas, pois nesse caso, por razões óbvias, nem mesmo se faz uso de nenhuma vela auxiliar. Se alguma Loja proceder ao contrário estará cometendo ilícito contra o ritual.

Infelizmente alguns Irmãos, talvez pela permanência de um Altar dos Perfumes que não serve para nada no simbolismo do REAA, ainda tentam reviver costumes anacrônicos de rituais ultrapassados que costumeiramente enxertavam práticas de outros ritos no escocesismo.

Devo ratificar que no REAA não existe cerimônia específica para o acendimento de Luzes. O que acontece no ritual é que elas são simplesmente acesas e apagadas sem nenhuma reverência, ofertas, e pronunciamentos. Por aí se vê que esse tal de "fogo votivo" nem mesmo existe no Rito em questão.

Só para ilustrar essas barbaridades ritualísticas que aconteciam no passado, houve tempos em que algumas Lojas adotavam sobre a porta de entrada dos seus Templos, na sua parte interna, uma lanterna vermelha acesa definindo-a como uma luz divina, fato que mais se parecia mesmo era com a porta de algumas zonas do baixo meretrício. Tudo isso em nome do achismo e da invenção como se os nossos Templos servissem para esse tipo de manifestação prosélita. Felizmente isso não acontece mais, embora vez por outra alguns Irmãos ainda insistam em ressuscitar certas carcaças de dinossauros.

Dando por concluído, no que diz respeito a sua questão, ratifico que se a sua Loja ainda adotar velas para as Luzes litúrgicas, assim que o Mestre de Cerimônias terminar de acender as Luzes, ele apaga a vela auxiliar (que não é fogo votivo nenhum) sem qualquer cerimônia.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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MAIO/2017


AS BOBAGENS NA INTERNET - S.S.S. OU S.F.U.?

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 27/03/2017 o Respeitável Irmão Francisco Pimpão, Loja União em 33, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento:

BOBAGENS NA INTERNET - SFU OU SSS?

Um Irmão de minha Loja trouxe um artigo dizendo que o usual SFU Saúde, Força e União deve, no REAA, ser substituído por SSS Salus, Sapientia, Stabilitas. O que você pode dizer sobre isso.

CONSIDERAÇÕES

Vou reeditar uma resposta que já dei a esse respeito.

Infelizmente essas afirmações falsas ainda transitam livremente nos nossos meios, sobretudo facilitado pelo advento da Internet que, indubitavelmente é uma ferramenta extraordinária, porém se mal usada, indiscutivelmente é também um verdadeiro repositório de lixo.

Chamo atenção ainda para aqueles que por desconhecerem o verdadeiro sentido do que é ser um "livre pensador", entendem o termo como alguém que pode livremente exprimir inverdades fazendo apologia da perfídia no seio da cultura maçônica.

A seguir a pergunta e a resposta por mim enviada em outubro de 2.016 que trata do mesmo assunto - omiti a fonte que me foi enviada pelo consulente na época no intuito de não contribuir com falsas afirmações.

A pergunta:

Prezado Mano Pedro Juk, bom dia. Acabo de ler uma matéria sobre as colunas Sapientia, Salus e Stabilitas, no endereço (...). Causou-me estranheza o comentário de que "estas palavras são pronunciadas com vigor ao encerrar a Cadeia de União e apostas no início de documentos maçônicos. Ao contrário de muitos Maçons que por desconhecerem os ritos existentes e suas origens, usam de forma errônea as palavras S\F\U\que significam Saúde, Força e União. Estas palavras nunca pertenceram e não pertencem ao R\E\A\A\, e sim ao Rito de Emulação (York), portanto jamais devem ser usadas e pronunciadas no Rito Escocês Antigo e Aceito".

Isso procede?

A resposta:

Pois é Mano, são essas carcaças de dinossauro que não contribuem em nada com a cultura na nossa Sublime Instituição. Infelizmente cada um escreve o que quer, não importando o tamanho da bobagem que será escrita.

Esse absurdo começa pelo despautério de se chamar o Trabalho de Emulação de Rito. Nosso autor me parece não estar nem um pouco familiarizado com a Maçonaria Inglesa, pois na Inglaterra não se reconhecem "ritos", senão "trabalhos".

Para engrossar ainda mais o caldo, afirma o articulista que "S.'.F.'.U.'. não pertente ao REAA.'., mas sim do Rito (sic) de Emulação!!!!!!"

Ora, essa é uma afirmativa precipitadamente falaciosa, pois esse costume (de escrever e pronunciar tríades) não é tão comum na vertente inglesa da Moderna Maçonaria. Saúde, Força e União é expressão habitualmente usada na Maçonaria Latina, não na anglo-saxônica.

Além do mais, "palavras pronunciadas com vigor na Cadeia de União", conforme afirma o autor, não pode ser generalizada, pois no REAA\ (que é um rito de origem francesa) tradicionalmente a Cadeia é formada apenas e tão somente para a transmissão da Palavra Semestral e nela não existem aclamações, preces e orações.

Assim, o texto mencionado traz afirmativas que não passam de verdadeiros sofismas.

Tanto S.'. F.'. U.'. quanto S.'. S.'. S.'. são comumente enunciadas e escritas na Maçonaria latina, não existindo essa pobre justificativa de que uma é do Rito (sic) de Emulação e outra é do REAA\. Afirmar uma temeridade dessas é abusar da inteligência dos outros.

É oportuno esclarecer que o significado das palavras S.'. S.'. S.'. em conjunto sequencial corresponde a uma dentre tantas tríades de saudação usadas pela Maçonaria, principalmente na latina e foi herdada da fase especulativa da nossa Ordem. Nesse sentido, "Sabedoria, Saúde e Estabilidade", é uma saudação que está abreviada em latim - "Sapientia, Salute (Salus), Stabilitate (Stabilitas)", porém não é propriedade característica da Sublime Instituição.

No mais, eu diria que certos escritos suportados por ilações, além de nada contribuírem, senão disseminarem falsidades culturais, ainda são exemplos de verdadeiras carcaças de dinossauro que assolam a Sublime Instituição, pois como parece ter afirmado um dia o filósofo e Irmão Goethe: "matar o dinossauro até não parece ser tarefa das mais difíceis, entretanto a maior dificuldade está em consumir as suas carcaças".

P.S. Conferi o conteúdo do escrito no endereço eletrônico mencionado na questão. (a) Pedro Juk - outubro/2016

Assim meu Irmão, eu penso que essa resposta pode lhe dar suporte para uma eventual avaliação entre o que é autêntico e o que é erva daninha da falsidade.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017.

LUZES COLORIDAS SOBRE O ALTAR

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 24/03/2017 o Respeitável Irmão Eliberto da Silva Carvalho, Loja Acácia, 0177, REAA, GOB-RJ, Oriente de Niterói, Estado do Rio de Janeiro, através do meu blog https://pedro-juk.blogspot.com.br formula a seguinte questão:

LUZES COLORIDAS SOBRE O ALTAR

Inicialmente parabenizo o ilustre irmão pelas suas sempre claras e objetivas respostas às mais diversas consultas formuladas, sempre dirimindo as dúvidas apresentadas. Solicito seus esclarecimentos sobre o assunto a seguir: Essa Loja completou 149 anos de fundação dia 07/03/2017 e tem na mesa do Venerável Mestre, ao invés do castiçal com três luzes brancas, segundo os Rituais dos Graus Simbólicos, um castiçal com três luzes de cores diferentes que, segundo alguns obreiros mais antigos, é uma homenagem às Lojas Comércio e Artes, União e Tranquilidade e Esperança de Nictheroy, pelo que representam para a Maçonaria. A meu ver, deixando de lado a homenagem enfocada, da qual não discordo, é uma radical inobservância à ritualística, com relação às luzes sobre a mesa do Venerável, o que deve ser corrigido imediatamente. Concluindo, pergunto ao irmão: Seria correto colocarem-se essas três luzes coloridas sobre um pedestal no oriente, com placa indicativa de sua finalidade, em local que não fira a ritualística?

CONSIDERAÇÕES.

Obviamente que não é correto. O candelabro de três luzes situado sobre o altar ocupado pelo Venerável Mestre e os outros dois que ficam sobre as mesas dos Vigilantes representam as Luzes da Loja e a evolução do conhecimento humano, posto que de acordo com o grau simbólico de trabalho da Oficina acendem-se mais ou menos luzes. No caso do REAA elas ainda representam a evolução da Natureza comparada à alegoria iniciática do Obreiro. Assim, essas Luzes litúrgicas são neutras, podendo ser lâmpadas elétricas ou mesmo velas, entretanto elas não podem ser usadas como instrumentos para homenagear alguém ou alguma coisa. Isso é o mesmo que desvio de finalidade.

Sinceramente, tem coisas que acontecem nos nossos meios que são difíceis de acreditar e essa, por exemplo, é uma delas. Não que as Lojas mencionadas não mereçam de nós todo o respeito e homenagem, porém não se usando as Luzes litúrgicas para esse fim, e muito menos acompanhadas de placa indicativa. Ora, isso é um verdadeiro atentado à liturgia maçônica.

A propósito, as três Lojas que deram origem ao Grande Oriente Brasílico em 17 de junho de 1822, por desmembramento de uma delas - a Comércio e Artes - em mais duas outras, seriam historicamente distinguidas pelas cores branca, azul e vermelha para que os seus respectivos obreiros fossem identificados durante as votações da assembleia. Isso na verdade sacramentaria as cores oficiais do Grande Oriente do Brasil, já por ocasião das assembleias na época da fundação, os obreiros das três Lojas traziam uma fita com a cor correspondente à sua Loja amarrada no braço direito. Dessa forma eram identificados os Irmãos dos quadros presentes. Dado a isso é que historicamente essas cores (branca, azul e vermelha) individualmente representam até hoje as três Augustas e Respeitáveis Lojas fundadoras.

Mesmo dado à importância devida a elas, nada sugere, entretanto o uso do candelabro de três luzes litúrgicas para prestar essa homenagem. Aliás, como qualquer outro símbolo que compõe a decoração da Loja no REAA não deve também ser usado para essa finalidade.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


SUBSTITUTO DO VENERÁVEL NO RITO DE YORK

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 23/03/2017 o Respeitável Irmão João Vitor Hugo Painco Bahls, sem mencionar o nome da sua Loja, Oriente e Estado da Federação, se referindo a uma resposta minha dada sobre a substituição precária do Venerável (falta) no REAA, indaga via meu blog https://pedro-juk.blogspot.com.br

SUBSTITUIÇÃO DO VENERÁVEL RITO DE YORK

Olá boa noite meu irmão, e no caso do rito de York (emulação) o Primeiro Vigilante também pode assumir o cargo do Venerável numa situação de emergência ou não?

CONSIDERAÇÕES.

Diferente do costume francês, muito conhecido na Maçonaria brasileira através do Rito Escocês Antigo e Aceito, o costume inglês, no caso o Trabalho de Emulação, ou o conhecido por aqui como Rito de York, quem substitui o Venerável Mestre na sua eventual ausência é o Past Master Imediato (titulo recorrente na Maçonaria inglesa), ou seja, o mais recente ex-Venerável da Loja. Em havendo a ausência dos dois, assume outro Past Master, desde que ele seja da Loja.

Na Moderna Maçonaria Inglesa não é o Primeiro Vigilante o substituto imediato do Venerável, já que costumeiramente o Vigilante não tem no Craft obrigação de saber de cor à dialética do Venerável, pois ele ainda está sendo preparado para esse ofício como futuro eleito na linha sucessória da Loja. Ademais cada Vigilante também tem obrigações a cumprir relativas ao seu cargo. Em síntese, no costume inglês, para se dirigir uma Loja, mesmo que em substituição é preciso ser um Mestre Instalado, daí esse título ser autêntico no Craft da Inglaterra.

Obviamente que isso só pode ser levado em consideração quando se tratar da vertente inglesa de Maçonaria e não como se faz no Brasil onde muitos generalizam essa prática indiscriminadamente sem levar em consideração a vertente cultural do Rito.

Não existe, sobretudo na Maçonaria inglesa, a péssima geometria de se improvisar como é constantemente vista na Maçonaria latina. O Irmão empossado em um cargo não o assume apenas pelo "faz de conta", mas acima de tudo o faz com responsabilidade para manter equilibradas as ações no "canteiro".

Algumas outras ponderações. A tradição de o Primeiro Vigilante ser o substituto imediato do Venerável é costume herdado do período operativo e do de transição da Maçonaria de ofício para a especulativa. Mais tarde, com o advento da Moderna Maçonaria a partir de 1717 com a aparição da figura do Grão-Mestre, outras "normas gerais" acabariam ganhando corpo, dentre as quais, a da substituição do Venerável pelo Past-Master Imediato, fato esse que se firmaria na vertente anglo-saxônica, a despeito de que na outra vertente, em muitos casos, ainda continua sendo substituto o Primeiro Vigilante. Na França, por exemplo, não existe a figura do Mestre Instalado, porém a do ex-Venerável já que na vertente francesa de Maçonaria, Instalação significa simplesmente "posse". Assim, a figura do Mestre Instalado só é genuína quando mencionada nos trabalhos maçônicos oriundos da vertente inglesa, ou pelo menos, deveria ser.

Concluindo, menciono que as minhas ponderações são baseadas nos nossos usos e costumes, observando, porém, que os regulamentos das Obediências em vigência devem ser rigorosamente observados, mesmo que eles contradigam as tradições.

E.T. - contei com auxílio luxuoso do Irmão Joselito Romualdo Hencotte.

T.F.A.

PEDRO JUK

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SIGNIFICADO DA VIAGEM NA EXALTAÇÃO

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 22/03/2017 o Respeitável Irmão Clemente Escobar, Loja Gonçalves Ledo, 3.079, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, através formula a seguinte questão através do meu blog - https://pedro-juk.blogspot.com.br

VIAGEM NA EXALTAÇÃO

Gostaria de saber o que representa a viagem do Mestre na Exaltação.

CONSIDERAÇÕES:

Essa única viagem significa simbolicamente o último ano de aprimoramento do Companheiro que aspira ingressar na C.'. do M.'.. Em síntese, o aspirante necessita antes se desvencilhar, no trajeto pelos quadrantes do Templo, de qualquer nódoa profana que ainda possa porventura lhe ferir a consciência antes de obter autorização para ingressar definitivamente no Oriente - a moradia do Mestre.

A passagem por essa porta simbólica é o caminho estreito (porta solsticial) por onde ele passará em direção ao lugar do juramento, antes que ele seja o protagonista principal na representação da Lenda Hirâmica.

A despeito de que o ritual seja bastante omisso em termos de orientação nessa passagem (como na maioria das outras também), alguns pormenores precisam ser observados na intenção de se compreender melhor a liturgia, em especial a inerente a esse trecho teatral iniciático.

Assim, durante essa viagem simbólica, o aspirante, ao peregrinar pelas CCol.'. até chegar ao Oriente, deve demonstrar primeiro confiança no seu guia, que é o detentor da Pal.'. de Pas.'., cuja qual será a senha necessária para se ingressar na C.'. do M.'. (vide procedimento de pedido de passagem entre o aspirante, seu guia e o Resp.'. Mestre).

Outro aspecto relativo à viagem é que o aspirante mantém a amarra (corda em torno da cintura) que representa ainda o elo com o mundo profano - as três voltas na corda simbolizam o orgulho, a inveja e a ambição (os três maus CComp.'.). O que reforça essa tese litúrgica é que o aspirante, mesmo sendo conduzido pela mão amiga do seu guia, o Ter.'. ainda o mantém seguro pela corda e vigiado agora de perto por dois acompanhantes armados. É só no final do trajeto, antes de pedir passagem, que o Ter.'. e os acompanhantes armados deixam o aspirante que permanece apenas com seu condutor (M.'. CCer.'.).

Dada a autorização da passagem obtida pela demonstração de confiança na Pal.'. de Pas.'., o aspirante é então devidamente conduzido para prestar a sua obrigação. Note que antes do aspirante à Exaltação se posicionar na forma de costume diante do A.'. dos JJ.'. o seu guia (M.'. CCer.'.) lhe retira a corda que o envolvia pela cintura (o ritual é falho pois não explica esse procedimento, todavia eu o descrevi no Manual de Procedimentos do GOB-PR).

Dados esses breves comentários, eis o significado da última viagem: Como o último ano de aprendizado do Companheiro, esse trajeto menciona que ele se despiu de qualquer nódoa profana que porventura ele ainda pudesse trazer consigo antes de ingressar definitivamente na morada da Luz. A propósito, essa alegoria já se houvera apresentado durante a terceira viagem por ocasião da cerimônia de Iniciação e a purificação por um dos elementos. Não foi em vão que aquela terceira viagem se deu silenciosamente representando a maturidade da vida e, na Exaltação, ela é novamente revivida teatralmente como a última etapa da vida terrena - eis que agora diante da terceira porta vos é dito: "procurai e encontrareis", pois procurando acharás a Palavra perdida.

Por fim, como lição moral, a viagem e a confiança no guia são: "Como um forjador de metais, isto é, como um verdadeiro Tub.'., estou disposto a prosseguir no meu ofício de adornar e embelezar a Obra, pois mesmo que eu tenha perdido o Mestre em tão horroroso assassinato, confiante no meu guia, eu segui em frente; estive no túmulo; venci a morte e revivi para a Luz! A A.'. M.'. É C.'.".

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


CAMINHADA DO 2º DIÁCONO

RESPOSTAS - MAIO/2017

Em 22/03/2017 o Respeitável Irmão Roberto Souza Gonzalez, Loja Caridade, 712, GLESP, REAA, Oriente de São Paulo, Capital, apresenta a seguinte questão.

CAMINHADA DO 2º DIÁCONO.

Quando o 2º Diácono recebe a palavra do Primeiro Vigilante e vai leva-la ao Segundo Vigilante tem algo que proíba ele de andar em linha reta?

CONSIDERAÇÕES:

Considerando-se que no Rito Escocês Antigo e Aceito durante os trabalhos da Loja para se atravessar de uma para outra Coluna (do Norte e do Sul) existe regra, no caso da Sereníssima Grande Loja do Estado de São Paulo que coloca o Altar dos Juramentos no centro do Ocidente, em sendo o Segundo Diácono o personagem a se deslocar, ele assim o faz indo do seu lugar diretamente até o Primeiro Vigilante, dele recebe a Palavra e se dirige até o Segundo Vigilante cruzando o equador do Templo pelo espaço entre o Altar dos Juramentos e o limite com o Oriente; ingressa no Sul e dali vai diretamente até o Segundo Vigilante. Cumprida a sua missão, ele dali se desloca diretamente para o seu lugar na Coluna do Norte simplesmente cruzando o equador do Templo pelo espaço existente entre o Altar dos Juramentos e a porta do Templo.

Na verdade isso não é bem uma circulação no sentido de se andar em círculo, porém uma regra de se deslocar em Loja no sentido dos ponteiros do relógio quando se tiver que passar de uma para outra Coluna. No mesmo hemisfério não existe circulação (nela se vai e volta normalmente), daí não existem giros em torno das mesas dos Vigilantes.

A regra geral no Rito em questão não é só para um obreiro especificamente (como é o caso do Segundo Diácono na questão), mas para qualquer um que ao se deslocar em Loja pelo Ocidente precise ultrapassar o eixo longitudinal do Templo (equador).

Concluindo, ratifico que para passar do Norte para o Sul anda-se normalmente e cruza-se a linha imaginária pelo espaço que fica entre o Altar dos Juramentos e a divisa com o Oriente. Já do Sul para o Norte, do mesmo modo efetua-se a passagem pelo espaço existente entre a porta de entrada do Templo e o Altar dos Juramentos. No Oriente da Loja não existe circulação, apenas segue-se a norma de que para nele se ingressar, se faz sempre a partir da Coluna do Norte e para dele se retirar se faz consecutivamente em direção da Coluna do Sul.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


POSIÇÃO À ORDEM

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 21/03/2017 o Respeitável Irmão Roberto Sousa Gonzalez, Loja Caridade, 712, GLESP, REAA, Oriente de São Paulo, Estado de São Paulo, solicita esclarecimento para o que segue:

POSIÇÃO COM O SINAL DE ORDEM.

Quando ficamos à Ordem, ficamos com a postura na direção do delta em cima do trono do Venerável Mestre? Ou ficamos na direção do Livro da Lei? (no caso da GLESP o Livro da Lei fica no Ocidente). Ao fazermos o juramento este é em direção ao Livro da Lei?

CONSIDERAÇÕES:

Não existe nenhuma regra para isso. Geralmente o protagonista à Ordem fica em pé, levantando-se normalmente tendo às costas o assento. Não há necessidade alguma de se voltar (ficar de frente para) o Oriente ou para o Livro da Lei, etc. Obviamente que o obreiro ao se manifestar geralmente dirige o seu olhar para quem ou com quem ele está falando, todavia sem a necessidade de mover o corpo inteiramente para essa ou aquela direção.

Quanto ao juramento, eu não entendi bem a questão, já que este é feito apenas uma vez na ocasião da Iniciação, da Elevação e da Exaltação. A regra é a de quem presta uma obrigação se compromete a cumpri-la para todo o sempre, daí não existe a necessidade de se ficar repetido juramento. Aliás, esse é um erro crasso que muitos rituais cometem na nossa Maçonaria, sobretudo aqueles que apregoam no REAA a ratificação de juramento no final da sessão. Não sei se é esse o caso mencionado na sua questão, ou é alguma coisa copiada do Craft inglês nos Trabalhos de Emulação que tem por hábito prestar manifestação de fidelidade no término da sessão. Isso não é juramento e nem é prática do simbolismo do Rito Escocês.

Concluindo, minha intenção aqui não é a de incentivar desrespeito a qualquer ritual em vigência, porém expor aquilo que tradicionalmente é prática correta.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


INICIAIS M B NO AVENTAL

RESPOSTA - MAIO/2017

Em 21.03.2017 o Respeitável Irmão Lauro Gorell Filho, Loja Filhos do Pelicano, 3.866, REAA, GOB-PR, Oriente de Cianorte, Estado do Paraná, formula a seguinte pergunta através do meu blog https://pedro-juk.blogspot.com.br

M.'. B.'. NO AVENTAL.

Gostaria de saber o significado das letras M\ e B\, no avental do Mestre Maçom.

CONSIDERAÇÕES.

As iniciais tem relação direta com a Palavra Sagrada do Mestre Maçom. Essas duas letras possuem significados de acordo com a vertente do rito maçônico, assim com a sua exegese é tratada por alguns autores confiáveis e compromissada com a autenticidade maçônica.

Basicamente essa sigla possui íntima relação com os C.'. PP.'. PP.'. do Mestre, ou da Maçonaria, esses amparados pela Lenda de Hiran, ou mesmo pela Lenda sobre Noé e seus filhos Sem, Can e Jafé.

Em síntese as iniciais M.'. e B.'. podem ser representativas de aspectos relativos à Lenda agrupados numa frase, ou mesmo diretamente como inicial da Palavra Sagrada adotada por um rito maçônico. Obviamente que esse espaço não é adequado para entrar do assunto em detalhes por evidentes razões.

De modo superficial pode-se explicar que a Lenda de Noé e os seus três filhos (Noaquita) envolvem aspectos que podem ser encontrados, por exemplo, no Manuscrito Graham de 1723, o qual menciona, dentre outras passagens lendárias, a expressão "Marrow in Bone" (os grifos nas iniciais são meus), cujo seu significado relativo à alegoria lendária se constitui na frase "ainda há tutano no osso", a despeito de que esse teatro simbólico envolve a mítica morte de Noé e a tentativa dos seus três filhos em ressuscitá-lo - essa lenda é muito similar à de Hiran e defendida por muitos autores como a que deu origem à Lenda do Terceiro Grau.

Nesse sentido, alguns autores defendem que a frase "Marrow in Bone", acolhidas as iniciais "M e B", se traduzem na expressão gálica "Mak Benak", pois no diálogo teatral da Lenda, tal qual na de Hiran, é mencionado o corpo achado em estado de putrefação, cujo personagem é revivido pelos CC\ PP\. A expressão inglesa se refere a "bone marrow" - medula óssea.

A expressão Mak Benak, como mencionado e que, segundo alguns pesquisadores, é originária de um dialeto gálico, sofreria mais tarde a corruptela de grafia escocesa por "Mac Benac", cuja palavra inicial "Mac", conforme pesquisadores da Quatuor Coronati Lodge citados por Francisco de Assis Carvalho in O Mestre Maçom - Cadernos de Estudos Maçônicos significa "filho". Já outra corrente de pesquisadores, também citada pelo mesmo autor, define o termo gálico "Mak Benac" como "podridão", ou "está podre".

A despeito desses pontos de vista, o fato é que ainda existem muitas divergências nesse sentido. É o caso, por exemplo, da expressão "Mac Benac" que também é tida em alguns ritos com o significado de "viver no filho" - nesse caso o filho do justo que está morto.

Historicamente foi o Irmão A. C. F. Jackson da Quatuor Coronati Lodge quem estudou profundamente esse tema, o que se recomenda conhecer essas ponderações para melhor entendimento dessa matéria. Jackson menciona inclusive, que a palavra Mac Benac viria aparecer pela primeira vez na Maçonaria inglesa no livro Ahiman Rezon de 1756 de autoria de Lawrence Dermott que pertencia a Grande Loja dos Antigos no Yorkshire. Segundo Jackson é de autoria de Dermott a palavra "Mac Benac" (in O Mestre Maçom - Francisco de Assis Carvalho).

Outro aspecto que merece consideração nesse pormenor, é que a Grande Loja dos Modernos, a outra protagonista das escaramuças entre os Antigos e os Modernos ingleses, adotaria por algum tempo para os Mestres dessa Grande Loja a expressão "Moab.'." em lugar de Mac Benac, muito provavelmente na intenção de alterar costumes com a finalidade de combater as revelações de Prichard em 1730 (Masonry Dissected). Pela importância desse fato, aconselha-se também o estudo da história dos Antigos e dos Modernos na Inglaterra até o Ato de União ocorrido em 1813.

A despeito desses acontecimentos na Inglaterra da época, a vertente francesa de Maçonaria não deixaria de sofrer essas mesmas influências. Capítulo à parte há que se notar que o Rito Moderno ou Francês adotaria a Palavra M.'. B.'. enquanto que o Rito Escocês Antigo e Aceito, também filho espiritual da França, adotaria a palavra Moab\ para os seus Mestres.

Ainda no que tange a expressão composta pelas iniciais M\ B\, para alguns outros autores, ela está associada ao termo "Filho da Viúva", entretanto isso nos parece especulação, pois não possui fundamento confiável, cujas justificativas não merecem aqui serem comentadas por se referirem à rainha viúva do rei decapitado (vide os Stuars e a revolução puritana de Cromwell em 1649 na Inglaterra).

Na realidade, o "filho morto", é o "filho do justo" e essa relação faz sentido quando ligada à putrefação e à morte (da Natureza), daí existir um consenso a respeito quando tratado sob o ponto de vista alegórico, já que a Natureza é assassinada pelos três meses de inverno, o que em primeira análise deixa a mãe Terra viúva do Sol uma vez por ano. Em síntese, os personagens assassinados nas Lendas, tanto na Noaquita como na Hirâmica, personificam o Sol.

Há ainda em relação às iniciais M.'. B.'. inúmeras influências e estudos que merecem ser pesquisados e até levados em consideração, todavia pela controvérsia do tema e o sigilo maçônico que o cerca por se tratar da Palavra do Mestre ele merece prudência e comentários cobertos (vide a influência hebraica na Maçonaria e particularmente do REAA.'.).

Assim, objetivamente respondendo à questão, como dito as iniciais fazem referência à Palavra Sagrada de acordo com os ritos maçônicos, a despeito de que as suas interpretações estão intimamente ligadas aos diversos arcabouços doutrinários a eles pertinentes. É bem verdade, entretanto, que os seus diversos significados não podem ser tratados pura e simplesmente como uma mera tradução, mas sim com o que a sua mensagem pode representar (pragmatismo simbólico). Uma tradução pura e simples, a exemplo da expressão Moab\ como A C.'. S.'. DD.'. DD.'. OO.'. é mera fantasia, já que Moab.'. tem origem bíblica in os "moabitas" - povo nômade que se estabeleceu a leste do Mar Morto por volta do século XIII a. C., na região que seria mais tarde conhecida como Moabe. Assim, a expressão dela derivada usada no REAA.'. só faz sentido se tomada como um título enigmático do que a filosofia da Palavra Sagrada pode manifestar - é o símbolo falando através dos seus códigos.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAIO/2017


DÚVIDAS SOBRE A LITURGIA DO REAA

RESPOSTAS - ABRIL/2017

Em 21/03/2017 o Respeitável Irmão Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, solicita os seguintes esclarecimentos:

DÚVIDAS SOBRE A LITURGIA DO REAA

Dileto autor, tenho algumas dúvidas sobre ritualística a sanar acerca do REAA, na nossa liturgia, que fomentam debates entre nossos obreiros. São cinco indagações, conquanto imagino que a resposta seja de cunho bem objetivo.

Primeira dúvida. Tema: sinal gutural e seu momento. No início da sessão, quando os obreiros ficam em pé defronte seus assentos e o Mestre de Cerimônias, após anunciar a composição da Loja e seu grau, também tomando seu assento, o Venerável Mestre assim pronuncia: "em loja, meus irmãos (faz uma pausa), sentemo-nos". No momento em que diz "em loja", já seria o momento adequado para fazer o sinal gutural? Ou deve ser feito em outro momento e a partir de quando será lícito fazê-lo?

Segunda dúvida: TEMA: toque e transmissão da palavra sagrada. No REEA, quando o primeiro Diácono recebe a palavra sagrada do Venerável Mestre, antes de levar ao Primeiro Vigilante, ele (Diácono) também dá o toque do grau ao Venerável ou somente recebe dele, antes dessa transmissão (da palavra sagrada)? Do mesmo modo, o Primeiro Diácono ao transmitir a palavra sagrada ao irmão Primeiro Vigilante, somente dá o toque do grau a ele ou também recebe? Em suma, o toque, no momento da transmissão entre as Luzes e os Diáconos é bilateral (recebe e retorna) ou unilateral (somente é dado por quem tem a palavra sagrada, sucessivamente, Venerável em relação ao Primeiro Diácono; Primeiro Diácono em relação ao Primeiro Vigilante; Primeiro Vigilante em relação ao Segundo Diácono e, finalmente, Segundo Diácono em relação ao Segundo Vigilante).

Terceira dúvida: TEMA: forma de transmissão da palavra sagrada no Grau de Aprendiz. Entre os Diáconos e as Luzes, em sessão do primeiro grau, a palavra sagrada é passada com soletração, ou seja, letra por letra? Neste caso, com medeios de cabeça (alternância entre os ouvidos) ou somente no ouvido (direito ou esquerdo) do interlocutor?

Quarta dúvida. Tema - formação do pálio. Na formação do pálio, que no nosso ritual se dá duas vezes, na abertura e fechamento do Livro da Lei, o Mestre de Cerimônias, que se posta atrás do Mestre Instalado encarregado da abertura/fechamento, deve colocar o bastão sempre sob os bastões cruzados dos Diáconos, na abertura do Livro da Lei e sobre tais bastões, no fechamento do Livro da Lei ou, é totalmente indiferente à posição do bastão do Mestre de Cerimônias na formação do pálio?

Quinta dúvida. Tema - desfazimento do sinal de ordem. Qual o momento em que o sinal de ordem não mais será executado em loja? No final do nosso ritual, o Venerável diz, "a mim, pelo sinal, pela bateria, pela aclamação (Huzzé)". Depois disso, ele declara a loja fechada. A questão é, após a aclamação (terceira menção à expressão, "Huzzé"), ainda perdura o sinal, só desfeito quando o Venerável declara a Loja fechada ou após sua execução (terceira aclamação), já se desfaz o Sinal?

CONSIDERAÇÕES

Muitas explicações dependem de muitas observações para que elas façam sentido. Existe a questão do que é real e do que é aparente. Explico: no que diz respeito às minhas ponderações, observo por primeiro respeitar a pureza do Rito e, em segundo, aquilo que está escrito no ritual da Obediência - sabemos que, mesmo de um mesmo Rito, eles se diferem entre as Potências brasileiras.

Assim, devo salientar que quando me expresso em relação à tradição de um sistema ritualístico, não estou levando em consideração apenas esse ou aquele ritual, pois simplesmente dizer que isso ou aquilo está correto ou errado, geralmente não traz solução para a dúvida. Desse modo vou procurar ser o mais objetivo possível, porém sem agredir a lógica dos fatos e o exercício da prudência. Vamos então a eles:

1 - Sinais são feitos apenas em Loja aberta, o que significa que só depois dela ser declarada aberta pelo Venerável é que todos "deveriam" compor o Sinal. Entretanto, só existe um momento no qual os Obreiros se manifestam pelo Sinal antes da Loja ser declarada aberta. Isso acontece na ocasião em que o Primeiro Vigilante em Loja de Aprendiz, atendendo a ordem do Venerável Mestre, verifica simbolicamente se todos os presentes são maçons. Isso acontece apenas para conservar a tradição simbólica que indica que todos os presentes estão prontos, à disposição, à ordem para o trabalho. Obviamente que nos Graus 02 e 03 esses procedimentos se diferem um pouco, embora a sua essência seja a mesma.

Assim, afora essa possibilidade prescrita pela dialética da ritualística de abertura, Sinais somente são compostos a partir do momento em que a Loja esteja devidamente pela liturgia maçônica aberta (exposição das Três Grandes Luzes Emblemáticas).

Sabe-se, entretanto que a realidade não é bem essa, pois muitos rituais desafortunadamente equivocados, ainda preveem o contrário daquilo que é a tradição, todavia estando eles legalmente em vigência, inquestionavelmente cumpre-se o seu inteiro teor.

No que diz respeito à menção "em Loja, meus Irmãos" nada tem a ver com a composição de Sinal de Ordem, senão ser um alerta do Venerável para que dali em diante se siga os procedimentos litúrgicos balizados pelo ritual. É o mesmo que o conhecido: "meus Irmãos, ajudai-me a abrir a Loja".

2 - Seguindo o que prevê a razão, o Toque somente é dado por aquele que pede a Palavra (significa que ele está pedindo a Palavra). Assim, o outro protagonista não responde com outro Toque, porém revela a Palavra na forma de costume.

É oportuno mencionar que a transmissão da Palavra que ocorre por ocasião da abertura e do encerramento da Loja, se dá entre Mestres Maçons (somente Mestres podem ocupar cargos), assim quem transmite é aquele que é inquirido pelo Toque. Por não ser um ato de telhamento (verificação de qualidade), quem transmite, transmite a Palavra por inteiro (soletrada ou silabada conforme a ocasião).

No que diz respeito à sua questão, o Toque para a transmissão da Palavra é unilateral. Do mesmo modo a transmissão também é unilateral.

3 - Boa parte dessa questão já foi respondida no item número dois. A regra de soletrar ou silabar conforme o Grau permanece no ato, porém por apenas um dos interlocutores nesse caso.

Tradicionalmente a transmissão é feita apenas em um dos ouvidos dos interlocutores (ou só no direito, ou só no esquerdo). É equivocada no REAA a prática exarada por alguns rituais alternando a audição entre os ouvidos (menear com a cabeça) - isso mais parece uma atitude de galo de briga do que prática maçônica.

A propósito, a história e a razão da liturgia da transmissão da Palavra são únicas e deveria ser conhecido o porquê da sua existência.

4 - Embora no REAA a formação de pálio seja enxerto advindo de outro rito (ele não existe no escocesismo original), se algum ritual, mesmo equivocado, prever essa prática, penso que o mais viável então seria que o Mestre de Cerimônias posicionasse o seu bastão por sobre os outros dois bastões cruzados pelos Diáconos.

5 - O correto é que quem fecha a Loja é o Primeiro Vigilante por ordem do Venerável Mestre (Irm.'. 1º Vig.'., podeis fechar a Loja) - existe uma razão histórica para esse acontecimento. Assim que o Vigilante declarar Loja fechada, fecha-se o Livro da Lei e todos desfazem o Sinal. Desse momento em diante não se faz mais Sinal.

Levando-se em conta que genuinamente no REAA a aclamação ao final dos trabalhos só é feita após estar a Loja fechada pelo Primeiro Vigilante, a Aclamação é então pronunciada sem que haja composição do Sinal.

Agora, no caso do ritual em vigência na sua Obediência, onde, segundo a sua observação, é o Venerável Mestre quem declara a Loja fechada e que isso se dá somente após o Sinal, a Bateria e a Aclamação (pelo menos foi o que eu entendi), sem discutir o mérito desse procedimento, eu penso que, num caso desses, todos ainda devem permanecer com o Sinal após a Aclamação.

O que pode é estar havendo um erro de interpretação no que diz respeito aos termos "encerramento dos trabalhos" e "fechamento da Loja". Nesse caso, o ideal é sempre tomar por base para "Loja fechada" o fechamento do Livro da Lei, momento em que todos deveriam em seguida desfazer o Sinal. Partindo dessa premissa, ao final da sessão somente existe a Bateria e a Aclamação, não existindo, portanto nessa oportunidade, o ato do "pelo Sinal".

Outro aspecto para ser observado é o de não se confundir o ato litúrgico de fechar a Loja (trabalhos do canteiro) pelo Primeiro Vigilante que é imediatamente seguido pelo fechamento do Livro da Lei, com o convite do Venerável para que todos se retirem (do recinto) por já estarem liturgicamente encerrados os trabalhos e a Loja fechada.

É fato que muitos ritualistas não se apercebem desses detalhes e deixam os nossos rituais confusos e sujeitos às dúbias interpretações. É devido a isso que não se consegue ser objetivo nas respostas que envolvem a liturgia e a ritualística maçônica. São essas contradições que tem nos levado às intermináveis discussões sem que sejam colhidos bons frutos. Um bom exemplo disso são os temas aqui hoje abordados e que estão muito longe de serem satisfatoriamente explicados na sua origem e razão da sua existência, obviamente pela sua complexidade e pela exiguidade de espaço oferecido.

Concluindo, peço desculpas se abusei da prolixidade, mas eu não entendo meu ofício como um ato de simplesmente dizer "sim ou não" como resposta objetiva. A escola maçônica me ensinou através dos tempos a ser prudente. Portanto sem me atrever a ser laudatório, eu jamais me permitiria a emitir considerações sem expor primeiro as minhas convicções para que o leitor possa a posteriori tirar as suas conclusões.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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TRIÂNGULO DA ESPIRITUALIDADE E DA MATERIALIDADE NA CADEIA DE UNIÃO? REAA.

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 16/03/2017 o Respeitável Irmão Otávio Alvares de Almeida, Loja Deus e Fraternidade, 51, REAA, Grande Loja do Estado da Bahia, Oriente de Cruz das Almas, Estado da Bahia, solicita o seguinte esclarecimento:

TRIÂNGULOS DA ESPIRITUALIDADE E DA MATERIALIDADE NA CADEIA DE UNIÃO?

Ontem, 15/03, em minha Loja foi feita uma Cadeia de União para transmissão da Palavra Semestral e, pela primeira vez, em função do posicionamento do Venerável Mestre ladeado pelo Secretário e Orador no Oriente do Pavimento Mosaico e do Mestre de Cerimonias no Ocidente ladeado pelos Vigilantes nas suas respectivas Colunas, me veio a dúvida e por isso peço a sua ajuda, sobre quem forma o vértice do Triangulo da Materialidade: O Mestre de Cerimonias ou o Guarda do Templo?

CONSIDERAÇÕES.

Antes da questão propriamente dita, primeiro alguns apontamentos pertinentes.

Sem confundir com tríades, associado aos atributos da espiritualidade está o triângulo (isóscele ou equilátero) com um ápice voltado para cima, enquanto que o da materialidade está associado àquele que mantém o ápice voltado para baixo.

Ainda em relação aos triângulos (exceto ao concernente ao Delta Radiante), no REAA também aparecem às figuras triangulares correspondentes aos elementos Terra, Ar, Água e Fogo que se apresentam juntos às Colunas Zodiacais.

A união dos triângulos da materialidade e a espiritualidade formam a Magsen David (Estrela, ou Selo de Davi), ou a Blazing Star, comum principalmente na vertente inglesa de Maçonaria (estrela de seis pontas). Já o simbolismo do REAA.'., por ser um rito de vertente francesa, esse não possui nele, como símbolo, nenhuma estrela de seis pontas, sobretudo aquela tão comentada invenção de uma pretensa estrela formada num formidável exercício de imaginação que se diz existir quando da abordagem dos oficiais na circulação da Bolsa de Propostas e Informações e Tronco de Solidariedade. Na verdade a sequência dessa abordagem tem apenas relação com a história e a importância dos cargos na Loja, no mais, fazer ilações associando esse percurso a um trajeto estelar nada mais é do que pura bobagem que não tem compromisso algum com a doutrina simbólica do Rito Escocês. Provavelmente foi dessa inventiva sugestão que surgiu a relação de triângulos de espiritualidade e de materialidade na Cadeia de União.

Ora, isso é mero exercício de imaginação. Primeiro, porque a Cadeia quando formada, assume uma figura circular ou elíptica e não triangular. Segundo é porque a Cadeia, quando constituída no REAA, tem originalmente apenas um único objetivo: o de se transmitir a Palavra Semestral e nada mais, pois nela não existe a prática de preces e orações. Assim, a Cadeia de União é formada sobre o Pavimento Mosaico (que ocupa todo o espaço ocidental da Loja) após o encerramento dos trabalhos tendo, numa das extremidades da elipse (da cadeia) e de costas para o Oriente o Venerável Mestre com o Secretário à sua esquerda e o Orador à sua direita. Na outra extremidade da elipse em frente ao Venerável, de costas para a porta e parede ocidental, vai o Mestre de Cerimônias tendo à sua direita o Segundo Vigilante e à sua esquerda o Primeiro Vigilante. Os demais Irmãos se distribuem de modo que a figura elipsoide ou circular da Cadeia se mantenha com número equilibrado de obreiros no que diz respeito à quantidade de participantes à direita e à esquerda.

Devida à disposição elipsoide ou circular dos integrantes da Cadeia, não há como se imaginar a formação de triângulos imaginários formados pelas cinco Dignidades da Loja e pelo Mestre de Cerimônias. A disposição relativa aos que ladeiam o Venerável e ao Mestre de Cerimônias é porque o Orador e o Secretário tomam assento no Oriente e os Vigilantes, bem como o Mestre de Cerimônias no Ocidente. É simplesmente só isso e nada mais.

No que diz respeito ao Cobridor mencionado na sua questão, ele nada tem a ver com triângulo da materialidade e nem fica na Cadeia posicionado entre os Vigilantes - na extremidade da elipse de frente para o Venerável fica mesmo o Mestre de Cerimônias.

É bem verdade sim que esotericamente o Oriente da Loja corresponde à Luz e a espiritualidade, enquanto que o Ocidente, à materialidade e aquilo que é passível de aprimoramento, porém essa alegoria não se relaciona sob qualquer hipótese à Cadeia de União e nem mesmo à inexistente estrela de seis pontas aqui anteriormente mencionada.

Ainda, em se tratando de triângulo equilátero (três lados iguais), nada do que aqui foi mencionado sugere alguma relação com o Delta Radiante, cujo símbolo fica no Retábulo do Oriente (ao alto, atrás do Venerável) - esse triângulo é outro importantíssimo emblema que em Maçonaria, tanto na concepção deísta como na teísta, exprime os atributos da divindade. É o símbolo da crença na existência de um Ser Supremo.

Concluindo, devo mencionar que as minhas ponderações aqui expressas se prendem unicamente à pureza e tradição do escocesismo simbólico, independe daquilo que possa porventura estar escrito em alguns rituais das nossas Obediências. Assim, se deles derivarem instruções contrárias às minhas convicções, em estando os mesmos em vigência, mesmo que equivocados, por primeiro seguem-se as suas orientações.

T.F.A.

PEDRO JUK

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ABREVIATURA MAÇÔNICA

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 16/03/2017 o Respeitável Irmão Helio Brandão Senra, Loja União, Força e Liberdade, 272, sem mencionar o nome do Rito e do Oriente, Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, Estado de Minas Gerais, solicita esclarecimentos.

ORIGEM DA ABREVIATURA MAÇÔNICA.

Estou fazendo uma pesquisa sobre a origem da abreviatura das palavras e particularmente sobre o uso dos 3 pontos após assinatura e ou palavras na Maçonaria.

Ficaria muito grato se pudesse me ajudar.

CONSIDERAÇÕES

Primeiramente, esclareça-se que a abreviatura por três pontos com a forma de um delta, não é unânime na Maçonaria. Também, para a vertente maçônica que usa desse subterfúgio, existem critérios, tanto na forma de se abreviar, assim como contra o excesso dessa prática nos textos maçônicos.

Os pontos de abreviação, que hoje perderam a sua originalidade, à moda francesa (três pontos), ou à moda inglesa (um ponto), após determinadas palavras que compõem um texto maçônico, têm apenas a simples finalidade de indicar onde uma palavra sofreu apócope (foi cortada).

Na verdade esse procedimento vem da precaução para que o escrito somente seja compreendido por um maçom na hipótese de que ele venha cair nas mãos de não iniciados (profanos, no jargão maçônico).

A vertente inglesa de Maçonaria, por exemplo, comumente usa a monopontuação em lugar da tripontuação, porém com bastante critério e só por real necessidade. Já na França, segundo Alec Mellor nos informa in Dictionaire de La Franc-Maçonnerie et des Franc-Maçons, Paris, 1978, essa prática é abusivamente usada, o que deu inclusive origem à expressão pejorativa "Irmãos três pontos" aos Franco-Maçons.

Ainda segundo José Castellani, mencionando o mesmo Alec Mellor (autor reconhecidamente fidedigno em todo o mundo maçônico): "no século XVIII, quando foi introduzida a tripontuação, em documentos franceses, eles, algumas vezes, eram dispostos em linha horizontal (...) e até em outras posições, já que não havia padronização".

Mais tarde, entretanto, o costume de tripontuação em forma de um delta (triângulo) viria se firmar na Maçonaria francesa.

No Brasil, e mesmo na América espanhola, esse costume de abreviação tripontual triangular acompanharia o costume da Maçonaria francesa, já que naquela época, a França, não só na Maçonaria, ditava a moda em quase todo o mundo.

Os três pontos como abreviação, em princípio eram usados apenas para indicar onde havia sido feito o corte nas palavras - na apócope. Somente a posteriori é que eles seriam também colocados após as assinaturas visando identificar o maçom, cujo costume é comum entre nós até os dias de hoje.

Na verdade, em relação à invenção de identificação tripontual após a assinatura, no que diz respeito à data do seu aparecimento, ela é ainda desconhecida.

É certo também que nunca houve entre os antigos maçons a preocupação de se identificar como tal, já que naquela época isso só poderia lhes trazer dissabores, sobretudo após a publicação da bula papal In eminenti apostolatus specula, de Clemente XII de abril de 1738, ao contrário da atualidade onde vemos muitos maçons brasileiros que exageradamente andam enfeitados com penduricalhos maçônicos, só faltando mesmo sobre eles um letreiro em néon anunciando: sou maçom.

Há que se destacar ainda que além das abreviaturas para ocultar escritos maçônicos em épocas de perseguições, era costume entre os maçons o uso de um nome simbólico no intuito de ocultar o seu verdadeiro nome. Essa prática, entretanto caiu em desuso à medida que a liberdade individual e coletiva ia sendo assegurada, só sendo mantida atualmente em alguns círculos maçônicos a exemplo do Rito Adonhiramita.

Assim, genuinamente, a tripontuação, originária da vertente francesa de Maçonaria, surgiu no século XVIII com a finalidade de dificultar a compreensão do texto aos não maçons que porventura viessem ter acesso a documentos maçônicos. A técnica de abreviação consiste em indicar por três pontos, geralmente em forma de um delta, a supressão de um fonema ou sílaba de uma palavra que, em Maçonaria de vertente francesa, ocorre geralmente após uma consoante e dobrando a letra inicial em caso de plural, a despeito que em alguns títulos, a apócope possa ocorrer igualmente logo após a sua primeira, ou primeiras letras, se for o caso.

Como explicado, a tripontuação não é original quando se tratar de identificar a assinatura de um maçom, entretanto já é considerado costume consuetudinário e largamente usado por maçons praticantes de Maçonaria de vertente francesa (conquanto isso seja facilmente imitado por muitos profanos).

Destaque-se por fim que, como já mencionado, a Maçonaria inglesa também se faz valer da apócope em algumas palavras, porém geralmente indicada por unipontuação, embora apenas em situações que sejam extremamente necessárias. Nela também existem outros métodos de abreviação.

Em síntese, no que diz respeito às abreviações na Maçonaria para tornar textos compreensíveis somente aos maçons, existem inúmeras técnicas que não ficam restritas apenas a apócopes por unipontuação ou tripontuação. Muitas práticas nesse particular seguem, às vezes os costumes e a linguagem genuína de uma região onde é praticada a Maçonaria - essa é uma observação importante e deve ser efetivamente considerada.

Dando por concluído, é oportuno então salientar que esses métodos de abreviação na atualidade, na sua grande maioria, somente são mantidos mais para preservar a sua tradição. Não faz sentido na atualidade o abuso desordenado dessa prática. É fantasia também o que alguns autores dissertam em ilações dando significados simbólicos à tripontuação. Isso é pura bobagem. Os três pontos só indicam onde uma palavra foi cortada, não havendo nele nenhum significado místico, oculto ou esotérico.

E.T. - Os vocábulos "unipontuação e tripontuação" são neologismos usados especificamente nesse texto como identificação.

T.F.A.

PEDRO JUK

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POSIÇÃO DO ESQUADRO

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 15/03/2017 o Respeitável Irmão Tristão Antônio Borborema de Carvalho, Loja Obreiros de Abatiá, 69, REAA, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Oriente de Abatiá, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

POSIÇÃO DO ESQUADRO

Ao colocar, no altar dos juramentos e sobre o livro da lei, o esquadro sobre o compasso o vértice *maior* do primeiro (do esquadro e sobre o ângulo de visão de quem está olhando para o oriente) deve estar voltado ao lado direito (coluna do sul) ou ao lado esquerdo (voltado para coluna do norte)? Isso tem algum significado ou ensinamento maçônico?

CONSIDERAÇÕES.

Antes dos esclarecimentos propriamente ditos, os lados do Esquadro que formam a esquadria denominam-se "ramos", assim como as pernas do Compasso se denominam "hastes".

Quanto à questão: essas especulações surgiram quando alguns inventores e desavisados criaram um Esquadro para as Três Grandes Luzes Emblemáticas com cabo e graduação, o que lhe deu por consequência os ramos desiguais. Esqueceram esses inventores que o Esquadro que vai unido ao Compasso sobre o Livro da Lei, não é um Esquadro operativo (o usado na construção), mas sim um objeto emblemático, portanto desprovido de um ramo menor do que o outro e de graduação, isto é, o emblemático possui ramos iguais.

Quanto ao Esquadro operativo, o com cabo e graduação, é aquele que está representado e vai apenso ao colar como joia do Venerável Mestre, levando-se em conta nesse caso que o Venerável é o Mestre principal da Loja e detentor desse instrumento - bem como o Nível e o Prumo são as joias representativas dos seus auxiliares imediatos (Vigilantes).

A diferença entre os dois instrumentos, em se tratando da liturgia maçônica, se dá apenas para que ambos sejam reconhecidos na sua finalidade, não havendo nada que autorize especulações exaradas pelos adeptos do preciosismo ao mencionarem que um é o esquadro de pedreiro e o outro o de carpinteiro.

Assim, o Esquadro que é um dos componentes das Luzes Emblemáticas da Loja, não é o mesmo que é usado como instrumento de trabalho, mais sim como um símbolo alegórico que só se completa se estiver unido ao Compasso.

Além da grande alegoria que esses dois instrumentos representam, as suas disposições sobre o Livro da Lei concebem o Grau de trabalho da Loja.

Nesse sentido, como Luz Emblemática, o Esquadro que vai unido ao Compasso sobre o Livro da Lei, autenticamente deveria possuir ramos iguais, embora ainda possamos encontrar inúmeros rituais que não observam essa regra e trazem equivocadamente esse emblema com ramos desiguais. Piorando a situação, alguns desses rituais ainda cometem a desfaçatez de inverter os Esquadros, isto é, o do Venerável com ramos iguais e o Emblemático com ramos desiguais (coisas de pseudos ritualistas que só sabem copiar o ranço que está escrito em alguns rituais anacrônicos).

É devido a essas bobagens que vivem surgindo dúvidas relativas à como proceder com o lado maior ou menor do Esquadro na exposição sobre o Livro da Lei, sendo que não existe nele ramo maior e menor, simplesmente por se tratar de uma Luz Emblemática.

Dizem que a boca se entorta conforme o hábito do cachimbo, então se o seu ritual em vigência é um daqueles que desatentamente menciona um Esquadro de ramos desiguais sobre o Altar dos Juramentos e por cima ainda não orienta para qual banda fica o ramo maior ou menor, penso que essa escolha fica por conta do protagonista, pois tanto faz, já que não existe nenhuma justificativa para esse procedimento, tanto olhando do Oriente para o Ocidente como vice-versa.

Obviamente estamos falando do REAA, cuja disposição dos instrumentos emblemáticos sobre o Livro da Lei é a de que o Compasso tenha as suas hastes (pontas) voltadas para o Ocidente e o ângulo interno do Esquadro (formado pela junção dos seus ramos) voltado para o lado do Oriente.

Apenas a título de ilustração, sugiro uma observação acurada nas gravuras autênticas da Maçonaria que se reportam ao Esquadro e o Compasso unidos encontradas no universo maçônico. Vide como a maioria do comprimento dos ramos do Esquadro nessas ilustrações é a de ramos iguais (quando unidos ao Compasso).

T.F.A.

PEDRO JUK

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PEDRA CÚBICA E O AVENTAL

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 15/03/2017 o Respeitável Irmão Moura, Editora Maçônica A Trolha, Oriente de Londrina, Estado do Paraná, solicita a informação seguinte:

PEDRA CÚBICA E O AVENTAL

Pedro existe alguma relação entre o Avental de Companheiro e a Pedra Cúbica?

CONSIDERAÇÕES.

Literalmente, nenhuma. O Avental é a roupa do maçom e a Pedra Cúbica é uma das Joias Fixas da Loja e é relacionada ao Grau de Companheiro, pois remete iniciaticamente ao progresso de se ter desbastado a Pedra Bruta tornando-a capaz de ser assentada na parede virtual do Templo.

A única relação que se poderia mencionar é que a Pedra Cúbica é objeto de estudo do Segundo Grau em cujo Grau o obreiro usa o avental com a abeta abaixada como é o caso do REAA.

Nesse caso, abaixar a abeta demonstra a diferença que existe entre o avental do Aprendiz e o do Companheiro nos ritos que assim procedem.

Infelizmente, ainda se mencionam ilações do tipo de que no Grau de Companheiro a abeta abaixada significa que a espiritualidade (triângulo da abeta) domina a matéria, como se o retângulo concernente ao avental fosse uma pedra cúbica e a abeta o espírito nela penetrando. Por mais esforço imaginativo que se possa fazer, é muita bobagem para o meu gosto. São especulações que não se coadunam com a racionalidade maçônica, mas que muitos autores delas ainda se fazem valer.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MOMENTO DO INGRESSO DE RETARDATÁRIO

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 15.03.2017 o Respeitável Irmão Leonardo Parreira Reis de Lima, Loja Justiça e Verdade, 1.459, REAA, GOB-MG, Oriente de Capinópolis, Estado de Minas Gerais, formula a seguinte questão:

MOMENTO DO INGRESSO DE RETARDATÁRIO.

Estava estudando sobre assunto correlato e li sua matéria INGRESSO DE RETARDATÁRIO, fonte: JB News - Informativo nº. 1.447 Algarve (Portugal), domingo, 31 de agosto de 2014. Parabéns. Mas tenho uma dúvida e veja se o mano me consegue responder. O assunto é também sobre o obreiro retardatário.

Mas meu questionamento não é sobre como ele entrar no templo, mas sim até que momento em uma sessão ordinária, ele pode ser admitido para participar dos trabalhos. Qual a fonte legal ou do ritual? GOB, REAA.

CONSIDERAÇÕES.

Não é uma questão de fonte legal ou do ritual, mas é uma questão que se coadune com a eventual situação. Eu tenho dito que pontualidade é uma das virtudes do Maçom, embora esporadicamente possam até existir situações que obriguem o obreiro ao atraso.

O que não pode é a Obediência (Potência) institucionalizar o atraso, isto é, legaliza-lo ao ponto de que essa prática pudesse se generalizar amparada pela jurisprudência. Lembro que vivemos sob a égide da maçonaria latina e, fatos como esses, poderiam facilmente nos levar ao tão conhecido "jeitinho brasileiro".

Penso que em nome da aplicação correta da razão, se um Irmão que por alguma situação considerável acabe por ter que se atrasar e o retardamento ocorrer dentro de um tempo aceitável, então que ele se dirija à Loja para os procedimentos de costume. Agora se o atraso ocorrer em tempo além da metade da sessão, melhor seria mesmo é que o retardatário faltasse aos trabalhos.

Não sendo uma regra absoluta, muitas vezes o momento para esse ingresso tem sido logo após a Ordem do Dia (antes do Tempo de Estudos). É costume também em alguns ritos, como é o caso do REAA, não se permitir o ingresso de ninguém após a circulação do Tronco de Beneficência.

Ainda no que diz respeito a esse momento específico, vai depender muito da ocasião em que for pedido esse ingresso, isto é, deve prevalecer o bom senso, pois a atenção dada a um retardatário não deve nunca se sobrepor a harmonia dos trabalhos. Em síntese é perceber o momento apropriado para o ingresso.

Enfim, a solução para esses impasses e indagações seria a de que ninguém chegasse atrasado à Loja e, se isso porventura viesse a ocorrer, caberia ao próprio retardatário avaliar se o seu pedido de ingresso, naquela oportunidade, seria fundamentalmente imprescindível e apropriada.

Concluindo, lembro que originalmente ingresso em Loja por parte de retardatários, se permitidas, deveriam obedecer à formalidade maçônica (marcha do grau, saudação às Luzes e telhamento pelo questionário), pois além de ser um artifício saudável para a liturgia e para a ritualística, essa exigência certamente faria com que muitos atrasados, por razões óbvias, não se aproximassem tão facilmente da porta do Templo.

T.F.A.

PEDRO JUK

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A LUZ NA MAÇONARIA

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 15/03/2016 o Respeitável Irmão Marco Nascimento, Loja José Caver, 101, REAA, GLMERGS, Oriente de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, formula a seguinte questão através do meu blog https://pedro-juk.webnode.com/

A LUZ NA MAÇONARIA

Recorro aos seus conhecimentos para auxiliar o entendimento a um grupo de Irmãos que temos comentado sobre o tema a "Importância da Luz na Maçonaria". Devemos considerar a Luz como um símbolo maçônico? Com relação às Luzes Emblemáticas no Altar dos Juramentos, por que Luzes Emblemáticas? Livro da Lei, Esquadro e Compasso, por que Grandes Luzes? Venerável Mestre, 1º e 2º Vigilantes, por que são chamadas Luzes? Recebemos a Luz em nossa Iniciação, aqui entendemos que se refere à Sabedoria, Verdade, Conhecimento etc... O Irmão poderia nos dar maiores detalhes sobre estes significados? Fico agradecido pela vossa ajuda.

CONSIDERAÇÕES.

A LUZ

Na Maçonaria, figuradamente representa a ilustração, o esclarecimento, ou o que aclara o espírito. É o mesmo que dar claridade intelectual.

Sob o ponto de vista maçônico a Luz não é entendida como luz material, mas sim como a do raciocínio e da razão. Em síntese ela é o objetivo, é a meta máxima do maçom que, de acordo com a senda iniciática ele, vindo das trevas do Ocidente, caminha em direção ao Oriente onde simbolicamente reina a Luz (Sol) - sem dúvida esse teatro alegórico sofre forte influencia dos mitos solares da Antiguidade, não como doutrina religiosa, mas como objetivo a ser alcançado.

Sob a óptica da busca da Verdade, do Conhecimento e da Razão é que os maçons se reconhecem como "Filhos da Luz", ou os "Filhos da Viúva" (filhos da mãe Terra que fica viúva da Luz do Sol no inverno), o que sugere, não por acaso, o florescimento da Moderna Maçonaria no Século das Luzes (século XVIII).

Graças à importância da Luz como elemento iniciático primário, é que alguns títulos e definições são constantemente mencionados na Ordem Maçônica, a exemplo daquelas que tratam das Três Grandes Luzes Emblemáticas e das Luzes da Loja.

AS TRÊS LUZES EMBLEMÁTICAS

Assim conhecidas na vertente francesa de Maçonaria, ou como as Três Luzes Maiores na vertente inglesa, elas correspondem à ideia ou o símbolo máximo da coletividade maçônica. É o distintivo composto pelo Livro da Lei, pelo Esquadro e pelo Compasso que somente se mostram unidos em Loja. É o conjunto emblemático fixo que se caracteriza pela fácil compreensão do Iniciado.

O Livro da Lei - Como uma das Luzes Emblemáticas, ou Luzes Maiores, ele corresponde à lei moral que regula as ações da coletividade maçônica. Sem nenhuma conotação de individualidade religiosa ele é o código de ética da Loja.

O Esquadro - Outra das Luzes Emblemáticas, com ramos iguais e sem graduação por não ser o operativo, unido ao Compasso, esotericamente ele representa a matéria ou o corpo físico passível de aprimoramento - simboliza os atributos da materialidade.

O Compasso - A última das Luzes Emblemáticas, no plano esotérico ele é a representação das qualidades espirituais e do conhecimento humano, cuja sua abertura se limita na Maçonaria ao máximo de 90 graus, ou um quarto da circunferência, isso para mostrar que o conhecimento humano é limitado em relação à sapiência divina, representada pelos 360 graus da circunferência. Como símbolo do conhecimento, o Compasso tem, de acordo com o Grau, a sua posição alterada em relação ao Esquadro disposto sobre o Livro da Lei, o que em síntese demonstra que houve evolução no conhecimento. Demonstra o nível da claridade espiritual.

Assim, esse conjunto denominado "Luzes Emblemáticas" ou "Luzes Maiores", procura por definição demonstrar que ele é o maior representante da ilustração e do esclarecimento na Loja.

LUZES DA LOJA.

Também conhecidas com as Luzes Menores, é o título dado ao Venerável Mestre, ao Primeiro e ao Segundo Vigilantes. Esses títulos lhes são concebidos porque eles são os agentes que operam e dirigem a Obra. Genericamente são os dirigentes, dos trabalhos que se processam no canteiro (Loja).

O título de Luz da Loja implica em ser um agente da Luz, ou um guia para a Luz. Esse simbolismo é caracterizado pelas Luzes Litúrgicas posicionadas junto a cada um desses titulares. Na vertente francesa o número de Luzes acesas junto a cada um desses dirigentes varia conforme o grau simbólico de trabalho da Loja - mais Luz, mais evolução. Já na vertente inglesa, independente do grau simbólico, o costume é de se usar apenas uma Luz Litúrgica junto ao lugar de cada titular dirigente. Nessa vertente, as Luzes Menores distinguem-se não pela quantidade, mas pela dialética seguinte: o Sol para governar o dia, a Lua para governar a noite e o Venerável Mestre para governar a Loja.

De qualquer maneira, tanto numa vertente quanto na outra, as Luzes da Loja correspondem ao Venerável Mestre e os Vigilantes, pois são eles os responsáveis pela evolução e pelo desenvolvimento da Oficina. Deles dependem os membros do quadro para o desenvolvimento dos trabalhos.

Assim, enquanto as Luzes Emblemáticas representam o objetivo, as Luzes da Loja concebem a luz que guia os obreiros na busca do objetivo.

Concluindo, com o escopo de retirar o homem da escuridão da ignorância conduzindo-o ao esclarecimento é que o símbolo da Luz se faz presente em todo o teatro iniciático maçônico.

T.F.A.

PEDRO JUK

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TELHAMENTO OU TROLHAMENTO - SENHA DE RECONHECIMENTO NO GRAU DOIS

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 14/03/2017 o Respeitável Irmão Cláudio Rodrigues, REAA, Grande Loja Maçônica do Estado de Minas Gerais, Oriente de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, solicita explicações para o que segue:

TELHAMENTO OU TROLHAMENTO E SENHA DE RECONHECIMENTO NO GRAU DE COMPANHEIRO.

Mano Pedro Juk. O Professor. Direto ao ponto: Telhamento ou Trolhamento? E sobre o Telhamento do Companheiro Maçom, a saber: quando da resposta, "E.'. V.'. a E.'. F.'. a resposta certa é "vi" ou "vejo". Pergunto-lhe porque me doeram os ouvidos sobre a resposta: "vejo". Ora, há tempos aprendi ser: "vi" e não "vejo".

CONSIDERAÇÕES

Telhamento ou trolhamento? Eu poderia começar com outra pergunta: afinal cobre-se o edifício com telhas ou com trolhas?

Vou reprisar um texto a respeito que escrevi há dois anos.

Conforme o Novo Dicionário Aurélio - atualizado e versão eletrônica:

Trolha - Substantivo feminino - 1. Espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa que vai usando. 2. Brasil - Desempoladeira. Substantivo masculino. 3. Pedreiro ruim. 4. Servente de pedreiro.

Telhar - Verbo transitivo direto - 1. Cobrir com telhas; atelhar.

Telhador (De telhar + -dor) - Substantivo masculino - 1. Aquele que telha.

Telhadura (De telhar + -dura) - Substantivo feminino - 1. Ato ou efeito de telhar. 2. Lugar onde se fabricam telhas.

Neologia - Substantivo feminino - 1. Emprego de palavras novas, ou de novas acepções.

Neologismo - Substantivo masculino - 1. Palavra ou expressão nova numa língua. 2. Por extensão - Significado novo que uma palavra ou expressão de uma língua pode assumir.

Ponderações sobre os termos "telhamento e trolhamento" em Maçonaria:

A origem dos "trabalhos cobertos" vem dos canteiros medievais onde os planos da obra, contratos de trabalho e o ensinamento da "arte" eram sigilosos. Essa prática estendeu-se para a Maçonaria Especulativa e por extensão a Moderna Maçonaria.

Nesse caso a referência feita à "cobertura" significa exatamente o sigilo no trato dos acontecimentos e assuntos maçônicos dentro da Loja. Assim o rótulo assumiu o neologismo maçônico de "telhamento" pela cobertura dos trabalhos - ninguém pode ver nem ouvir o que se passa no canteiro (Loja).

Desse costume apareceria o cargo do Cobridor como aquele que figuradamente cobre os trabalhos na Loja. Dependendo da vertente maçônica existe o Guarda Externo (francesa) e o Tyler (inglesa), assim como os conhecidos Cobridores , ou Guardas Internos.

Como o termo se refere ao sigilo, os Sinais, Toques e Palavras guardados como verdadeiros segredos da Ordem assumiram também as características de "cobridores do grau", posto que além de afastar bisbilhoteiros, preserva os segredos de cada grau, dando o caráter de qualidade para o maçom participar ou não de uma sessão de acordo com o seu nível de aprendizado.

Assim o termo "cobertura" identifica-se com "telha" que, por extensão dá o caráter de "telhamento" (neologismo - termo encontrado no idioma vernáculo é telhadura).

Também dessa associação apareceria o uso da palavra "goteira" para um não iniciado (costume adquirido pela má cobertura do recinto).

Acrescente-se aqui uma explanação em Maçonaria sobre o termo "goteira" e a sua relação com a "cobertura" do recinto (Loja). Alguns antigos fragmentos mencionam que havia o hábito na Grã-Bretanha medieval quando nos canteiros de obra um elemento espião ou intruso era pego espiando e vasculhando os planos da obra de uma oficina operativa - o fato também se aplicava para um "cowan" (do dialeto escocês para aquele que assentava pedras sem argamassa - o picareta ou aquele que não possuía qualificação) - o intruso, antes de ser expulso, era então amarrado e colocado sob as calhas que despejavam as águas pluviais geladas dos telhados, o que se resumia num belíssimo castigo, principalmente em se levando em conta à temperatura nada agradável que frequentemente ocorria, e ainda ocorre, sobre aquela região da banda boreal do nosso Planeta. Desse costume apareceria então à expressão "tem goteira", que prevaleceu até na Moderna Maçonaria, quando porventura haja a possibilidade de existir a presença de um não iniciado nos ambientes maçônicos. Desse particular existe desde então a relação figurada da "goteira" com a cobertura com telhas de um ambiente e o respeito ao sigilo do que ali se passa - usa-se no mesmo sentido também a expressão "está chovendo".

Infelizmente, embora já exaustivamente explicado, alguns tratadistas ainda produzem o equívoco de confundir "telhamento" com "trolhamento". Essa interpretação enganosa foi inserida nos rituais brasileiros de há muito tempo atrás por erro de tradução e vem se reproduzindo como uma erva daninha, embora alguns autores ainda "tentem" achar uma justificativa para a mesma.

O substantivo "trolha" rotula um instrumento usado pelo pedreiro no seu ofício. Ela pode ser a "colher de pedreiro", ou a "desempoladeira, ou desempenadeira" donde o artífice se serve da argamassa e alisa a superfície para aparar arestas. Desse procedimento operativo, surgiria o termo figurado de "trolhamento" (outro neologismo maçônico) sugerindo a ação de aparar rusgas por eventuais desentendimentos entre os Irmãos.

Existe ainda o equívoco por parte de alguns tratadistas quando confundem a "trolha" com o ato de verificação, porque alguns Ritos, por exemplo, revivem na Maçonaria através da joia distintiva do seu Cobridor, ou Guarda do Templo, também a figura de uma "trolha" (veja, por exemplo, a joia distintiva do Cobridor do Rito Schröeder). Esse costume simplesmente bastou para que alguns desavisados confundissem a "trolha" e "o trolhamento" como o ato de verificação do "telhamento". A figura da trolha nesse caso - quando componente distintivo do Cobridor - significa simplesmente que ele tem o ofício de "vedar a passagem de alguém", ou "ergue uma parede no caminho" no intuído de literalmente "não deixar passar" - obviamente àquele que não possua qualificação maçônica suficiente. Infelizmente nesse caso a falsa interpretação e uma atenção mais acurada do símbolo por parte de alguns, somente contribuiu com o mistifório que equivocadamente associou a "trolha" com o ato do "telhamento".

Em verdade o ato do trolhamento significa sim apaziguar, enquanto que o de telhamento implica em cobrir. Afinal cobre-se um recinto com telhas ou com trolhas?

O que não faz sentido é fazer analogia do trolhamento com o sigilo e o segredo maçônico, já que como Landmark específico o sigilo e o segredo fazem parte da "cobertura dos trabalhos maçônicos", e nunca da digamos... "trolhadura dos trabalhos".

Definições maçônicas para os termos:

Telha (do latim tegula) - substantivo feminino: designa uma peça, em geral de barro cozido, usada na cobertura de edifícios.

Telhador - substantivo masculino: designa aquele que telha.

Telhadura- substantivo feminino: designa o ato ou efeito de telhar.

Telhamento - neologismo maçônico: designa o mesmo que telhadura.

Trolha(do latim trullia, variação do latim trulla) - substantivo feminino: designa uma espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa da cal que vai se servindo. Designa no Brasil, também a desempoladeira; a desempenadeira.

Trolhamento - neologismo maçônico: designa o ato ou efeito de trolhar (neologismo).

A telha - Na Maçonaria moderna como uma "construtora social", os instrumentos de trabalho e materiais são simbolicamente os dos construtores de edifícios. Assim a cobertura do Templo também está em não permitir a presença de intrusos e bisbilhoteiros. Simbolicamente é feita a cobertura com telhas através do Telhador, por extensão o Cobridor, ou aquele que cobre.

É a origem como aqui já mencionada do termo "goteira" que em Maçonaria significa o lugar descoberto, ou o bisbilhoteiro que espiona os trabalhos - para que isso não venha acontecer o Cobridor "cobre o Templo".

O telhador - Como oficio daquele que cobre de telhas. Em Maçonaria recebe também o título de Cobridor, ou o Guarda do Templo, a quem compete o ato de "telhar", ou fazer o "telhamento" naqueles que se apresentam à porta do Templo para verificar a sua qualidade maçônica de iniciado, bem como o seu Grau conforme o trabalho da Loja.

Telhar (o ato de) - verbo transitivo direto significa o ofício de cobrir com telhas. Em Maçonaria compete ao Cobridor, ou Telhador, o ofício de telhar, ou examinar nos toques, sinais e palavras, os visitantes que se apresentam à porta do Templo no intuito de verificar se os mesmos são realmente Maçons e posteriormente se certificar da qualidade maçônica conforme o Grau para ingressar nos trabalhos que estão sendo realizados. Infelizmente o termo tem ainda sido confundido com o ato de "trolhar", que verdadeiramente significa o ato de "passar a trolha". Assim, trolhar nesse caso é termo altamente incorreto para se designar o referido exame, já que telhar está ligado ao ato de cobertura e cobertura é feito com telhas, não com trolhas. Do mesmo modo o Cobridor, ou Telhador não possui o título de "trolhador" em qualquer Rito ou Trabalho maçônico.

A trolha - a Moderna Maçonaria como construtora social, viria absorver inúmeros instrumentos da arte de construir. Sob esse prisma a trolha não deixaria de nela ter um importante significado simbólico. Alguns autores, provavelmente pela etimologia da palavra, defendem a tese de que a trolha seria a colher de pedreiro. Contudo seja ela a colher de pedreiro, seja ela a desempoladeira, ou desempenadeira, conforme a definição apontada por bons dicionaristas do idioma vernáculo, a verdade é que ela, dentro das suas funções, serve para alisar a argamassa aparando e preenchendo as rugosidades.

Ratificando - a trolha e o ato de trolhar (neologismo maçônico) significam o meio que é usado para apaziguar os Obreiros que porventura estejam em litigio - aparar arestas. Esse apaziguamento, ou esse entendimento é rotulado pelo neologismo maçônico como "trolhamento", já que trolhar designa o ato de passar a trolha.

Como dito, lamentavelmente o termo "trolhamento" ainda tem sido equivocadamente usado em lugar do "telhamento" como se ambos tivessem o mesmo sentido e, o que é pior, é a capenga justificativa daqueles que buscando a lei do menor esforço traduzem enganosamente as expressões "por iguais conforme o rito!". Quem usa dessa afirmativa dá prova de completo desconhecimento da origem dessas práticas. Enfim, "telhamento" é um dos ofícios do Cobridor (Tyler) para verificar a qualidade maçônica de alguém. Já "trolhamento" significa o ato de apaziguar eventuais rusgas ou desentendimentos entre os Irmãos.

E.'. V.'. A E.'. F.'.- É a senha de reconhecimento e faz parte do Cobridor do Grau de Companheiro Maçom. Assim, a segunda letra referente à frase tripontuada corresponde ao verbo transitivo direto "ver" (conhecer ou perceber pela visão; olhar para; contemplar) conjugado na primeira pessoa do pretérito perfeito, portanto é "vi" e não "vejo" (sic) como questionado acima. O tempo verbal no pretérito é usado devido a sua relação com uma passagem tradicional na cerimônia de Elevação do REAA (espero que ela conste no seu ritual) onde o Venerável solicita àquele que está sendo elevado que contemple a E.'. F.'.. Foi por conta desse momento na cerimônia que o protagonista sugestivamente aprendeu (no pretérito), com as palavras proferidas pelo Venerável, qual o significado da E\.

Em síntese a E.'. é o ícone representativo que concentra todo o conhecimento do Grau. É graças a essa alegoria que o Companheiro, quando interpelado na forma de costume, responde que ele viu, isto é, compreendeu o significado desse importante Ornamento da Loja, de tal sorte que essa compreensão lhe proporcionará um dia qualificação para, pela sinuosidade da Escada em Caracol, alcançar a Câmara do Meio.

Assim, no caso da senha de reconhecimento, a visão da E.'. F.'. se reporta ao passado, ou quando da cerimônia de Elevação do candidato, e não ao presente, pois a regra menciona que somente aquele que "viu" antes a E.'. pode se tornar Companheiro.

Infelizmente Mano, ainda não deixamos de iniciar inventores. Provavelmente esses, por tratarem a simbologia maçônica com a maléfica licenciosidade, acabam inserindo práticas e definições completamente equivocadas e alheias à racionalidade dos fatos. Essa "estória" de proferir o verbo "ver" na primeira pessoa do presente por ocasião da senha de reconhecimento é um belo exemplar dessas incursões temerárias. Esse é mais ou menos como aquele costume de se achar um eterno Aprendiz. Ora, isso é mera desculpa esfarrapada de quem não estuda e quer justificar o seu comodismo pela ignorância das coisas.

Dando por concluído, essas são as minhas ponderações a respeito das suas questões.

T.F.A.

PEDRO JUK

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CRENÇA EM UM ENTE SUPREMO

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 13/03/2017 o Respeitável Irmão Alisson Marcos, Loja Acácia do Sudoeste, REAA, GOB-PR, Oriente de Pato Branco, Estado do Paraná, formula a seguinte questão:

CRENÇA EM UM ENTE SUPREMO

É possível dizer que a maçonaria (especulativa) sempre teve como requisito a crença em um Ser Supremo?

CONSIDERAÇÕES.

É bastante natural, já que os nossos ancestrais operativos viviam à sombra da Igreja Católica - veja as Associações Monásticas e as Confrarias leigas como percussoras da Francomaçonaria.

Os construtores da pedra viriam a ganhar grande impulso, sobretudo a partir do ano 1.000, época em que, segundo a Igreja, se esperava o final dos tempos. Como a previsão apocalíptica não aconteceu e visando agradecer a Deus por ter poupado o Mundo, os homens se arvoraram a elevar louvores de agradecimento ao Criador, dentre outros feitos, os de edificar igrejas e catedrais como que a deixar mensagens das suas almas na pedra. Nessa época a Igreja-Estado expandia os seus domínios e os Construtores, protegidos e ao seu serviço, edificavam igrejas, abadias, obras públicas, etc. Sob essa óptica, com a expansão desses domínios, as Guildas dos construtores amparadas e protegidas pela Igreja (ofícios livres) viriam experimentar um avanço extraordinário de desenvolvimento.

Assim, essa influência e cunho religioso dado ao trabalho, acompanhariam os canteiros da Idade Média.

Com o advento mais tarde da Maçonaria Especulativa, que surgiria principalmente pela queda de prestígio dos construtores operativos devido ao renascimento das Artes, muitos homens não ligados à Arte de Construir acabariam por adentrar nos quadros das Lojas no intuito de proteger e colaborar com a sobrevivência das construtoras. Documentalmente, o primeiro especulativo a ingressar na Maçonaria foi o latifundiário John Boswell, na Loja Capela de Maria na Escócia no ano de 1.600.

Esses novos protetores, geralmente detentores de prestígio e respeito, quase sempre eram ligados aos reinados da época que, por sua vez, mantinham estreitos laços com a Igreja Católica.

Por esse particular e pelas influências do passado, de modo imemorial e universalmente aceito, a Maçonaria Especulativa (dos Aceitos) adotaria o Landmark da crença em um "Arquiteto Criador" o que faria dela (da crença) uma condição de regularidade perante a Primeira Grande Loja, desde 1.717 já no período da Moderna Maçonaria - vide a Constituição de Anderson em 1723 e a sua revisão em 1.738.

Cabe aqui um pequeno comentário: não raras vezes presenciamos Irmãos a confundirem a Moderna Maçonaria com a Maçonaria Especulativa. Na verdade, o período Especulativo teve o seu início em 1.600 com aceitação do primeiro elemento estranho ao ofício. Já a Moderna Maçonaria, que é especulativa por excelência, teve o seu início no ano de 1.717 com a fundação da "Primeira Grande Loja" em Londres, cujo marco histórico inauguraria o sistema obediencial e a figura do Grão-Mestre. Cronologicamente a Maçonaria Especulativa, ou dos Aceitos teve o seu início documental no início do século XVII na Escócia, enquanto que a Moderna Maçonaria é do primeiro quartel do século XVIII em Londres.

Retomando o raciocínio, foi por essas influências cristãs sobre a Francomaçonaria, brevemente aqui relatadas durante o desenvolvimento da sua história que possui aproximadamente 800 anos de idade (Maçonaria não é milenar), é que a crença em um Ente Supremo se tornaria uma condição "sine qua non" para obter ingresso na Sublime Instituição.

É bem verdade que essa crença não está na atualidade atrelada a nenhuma religião, já que essa crença é de consciência individual, nela não imperando qualquer prevalência das preferências religiosas. Em síntese, o maçom deve acreditar em Deus que, de modo conciliatório é denominado na Maçonaria como o Grande Arquiteto do Universo.

Cada maçom, à sua maneira, seja ela do ponto de vista teísta ou deísta, tem a liberdade, e deve, de professar a sua religião, desde que se manifeste sobre ela fora dos umbrais dos recintos maçônicos.

Talvez até possa parecer um paradoxo, mas na Maçonaria não se discute religião, embora ela, a Instituição condicione aos seus membros, de modo irrestrito, a acreditar em "Deus".

A crença em um Ser Supremo é um Landmark da Ordem haurido dos nossos ancestrais e que se mantém até o presente na Moderna Maçonaria.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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VELAS E A LUZ

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 11/03/202017 o Irmão Sílvio Biss, Loja Cavaleiros da Arte Real, 3.245, REAA, GOB-PR, Oriente de Curitiba, Estado do Paraná, solicita o seguinte:

VELAS E A LUZ.

O meu contato com o Irmão se faz pela necessidade em apresentar uma peça de arquitetura para aumento de salário em minha Loja.

O tema a ser trabalhado é as velas e acredito que o título do trabalho seja "As velas e seu simbolismo".

Como no ERAC em que participei no meio do ano passado, o Irmão foi fonte de conhecimento ilimitada e exemplo de humildade, gostaria de poder contar com alguns comentários, dicas e curiosidades sobre este tema pouco discutido.

CONSIDERAÇÕES.

No meu ponto de vista - autêntico - as velas, em se tratando da liturgia maçônica, simplesmente simbolizam as Luzes da Loja, ou as Luzes menores, dependendo a vertente do rito.

No caso do Rito Escocês Antigo e Aceito, elas, as Luzes dos candelabros, se agrupam em determinadas quantidades e são acesas de acordo com o grau simbólico em que a Loja esteja trabalhando. Associadas às Luzes da Loja elas idealizam aqueles que dirigem os trabalhos - o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes como elementos representantes principais das ferramentas especulativas do aprimoramento no canteiro (Loja).

O termo "Luz, ou Luzes da Loja" é muito antigo e é classificado como um Landmark da Ordem por mencionar imemorialmente que uma Loja Maçônica será sempre dirigida por três Luzes.

Sob o ponto de vista figurado, conforme a quantidade de Luzes acesas nos candelabros de três braços do Templo, cada Luz representa - no REAA - o aperfeiçoamento humano adquirido. Em linhas gerais representa o iniciado maçom que percorre a sua senda iniciática galgando cada um dos três Graus Simbólicos.

Em síntese é a Luz, e não a vela a representante do esclarecimento alcançado pelo obreiro no simbolismo da Maçonaria Universal.

No simbolismo escocês, as Luzes litúrgicas compõem a alegoria da evolução natural sugerida pelos ciclos conhecidos como as estações do ano. Agrupadas em grupos de três em três, as Luzes litúrgicas aludem à primavera, ao verão e ao outono, já os três meses do inverno não são representados nessa alegoria porque essa estação sugere a prevalência das trevas (dias curtos e noites longas). É quando a Terra fica viúva da Luz. Graças a esse apólogo que o maçom, como peça integrante da Natureza, em busca do aprimoramento, segue a Marcha da Luz - vindo do Ocidente, lugar das trevas, ele percorre o caminho iniciático até o Oriente que é o lugar da Luz. Inúmeras são as referências feitas à Luz no simbolismo maçônico.

Cabe também mencionar que não se devem confundir as luzes que iluminam o ambiente, inclusive as previstas como auxiliares para leitura e escrita, com as Luzes litúrgicas.

Devido à evolução do conhecimento humano, a Moderna Maçonaria tem adotado lâmpadas elétricas no lugar de velas. Isso não implica em desrespeito algum para com a liturgia maçônica, já que no passado, as velas, geralmente de cera de abelhas para diminuir a poluição no ambiente, eram usadas simplesmente pela inexistência de energia elétrica. Havia velas em candelabros ou mesmo tocheiros que serviam à liturgia e também para clarear o recinto.

Outras luzes mencionadas na liturgia maçônica são aquelas intituladas como estrelas e que sevem para as comissões de recepção. Essas luzes não são de cunho iniciático, senão como lembrança de um passado distante quando Irmãos recepcionavam os visitantes prestando-lhes auxílio iluminando o caminho que os levava ao recinto de trabalho.

Ainda existe uma Luz litúrgica pendente do teto na Câmara do Meio, porém essa não deve ser aqui abordada nessa oportunidade.

De modo geral ainda existem Ritos maçônicos, não é o caso do Escocês, que tem na sua liturgia, cerimônias que envolvem luzes e velas, entretanto esse simbolismo é próprio de algumas outras doutrinas ritualísticas que não me cabem aqui serem comentadas.

Existem ainda determinados rituais especiais das Obediências brasileiras que mencionam outras luzes e seus respectivos acendimentos cerimonias em sagrações e outras generalidades. Só posso comentar que neles também não existem explicações racionais, portanto, por essa característica, não merecem considerações da minha parte por serem meras cópias e adaptações de outros rituais anacrônicos.

Assim, em nome da autenticidade maçônica, eu prefiro buscar suporte no produto resultante da Verdade, daí os meus apreços objetivarem a Luz como aquilo ou aquele que esclarece, ilumina ou guia o espírito, não propriamente à vela como elemento produtor da Luz, afinal na liturgia maçônica a Luz é a faculdade de percepção; é o juízo; e a Inteligência, e não a vela, ou a lâmpada que fornece iluminação.

T.F.A.

PEDRO JUK

jukirm@hotmail.com

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VISITA DO VENERÁVEL

RESPOSTA - ABRIL/2017

Em 10/03/2017 o Respeitável Irmão Nilson Alves Garcia, Loja Estrela da Serrinha, REAA, GOB, Oriente de Goiânia, Estado de Goiás, solicita o seguinte esclarecimento:

VISITA DO VENERÁVEL

O Venerável deve visitar Lojas com os paramentos que usa na sua Loja. Meu posicionamento é que ele deveria usar somente o avental de MI.

CONSIDERAÇÕES PARA O REAA.

Eu penso que sim. Ele deve usar, pois enquanto estiver no exercício do seu mandato, o mesmo é um Venerável Mestre, tanto dirigindo os trabalhos da sua Loja, bem como visitando outras Oficinas.

Além do mais, ele pode ingressar em família ou em comitiva à frente da sua Loja quando em visita a uma coirmã, ou ainda em Loja Incorporada.

Independente de ele estar em comitiva ou individualmente, o seu cargo se encontra mencionado na primeira faixa do Art. 219, § 2º, I do RGF - Dos Visitantes, do Protocolo de Recepção e do Tratamento.

Como autoridade visitante e Mestre Maçom Instalado (faixa um) tem assento no Oriente da Loja visitada abaixo do sólio conforme se encontra especificado na planta do templo impressa no(s) Ritual(is).

A sua indumentária completa é composta pelo avental, colar com a joia, e os punhos (ex-Venerável não usa punhos).

Ratifico que isso se refere apenas aos Veneráveis Mestres, portanto aqueles que estão no exercício do seu mandato. Passado o seu tempo ele é o ex-Venerável cuja indumentária de Mestre Maçom Instalado está descrita no Ritual do Terceiro Grau em vigência.

Venerável Mestre em visita a outras Lojas não traz consigo o malhete. Esse é o seu instrumento de trabalho e só pode ser usado na sua Loja.

T.F.A.

PEDRO JUK

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RITUALÍSTICA - REAA

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 08/03/2017 o Respeitável Irmão Marcos Alberto de Paiva, Loja União e Trabalho VI, REAA, sem mencionar a Obediência, Oriente de Paulínia, Estado de São Paulo, formula a seguinte questão:

RITUALÍSTICA - REAA.

Aproveitando teu profundo conhecimento, solicito que esclareça algumas questões.

a) Na saída e entrada do Oriente o Mestre deve fazer o sinal do grau e desfazê-lo pelo sinal penal e voltar ao sinal do grau? (Saudação Maçônica).

b) O que devo fazer para convencer minha Loja de que o lugar das Colunas B e J são no Atiro?

c) Minha Loja tem como tradição de ao orientar a entrada dos Irmãos o Mestre de Cerimônias chama pelos Irmãos. É correto?

d) Tivemos uma Sessão ordinária nos Três Graus. Pergunto que ao transformar a Loja de Companheiro para Mestre devemos usar os panos pretos?

e) Há Possibilidade de tua vinda em nossa região para nos dar uma palestra de ritualística?

CONSIDERAÇÕES.

  • Se isso ocorresse o pobre do protagonista ficaria ali até o final da Sessão, já que não se pode andar com o Sinal composto, salvo na Marcha do Grau. Eu já expliquei inúmeras vezes que a orientação para voltar à Ordem está relacionada ao Telhamento no Cobridor do Grau quando o Mestre de Cerimônias ou o Venerável instruem alguém nos procedimentos, porém isso nada tem a ver com a saudação ao Venerável, embora as saudações em Loja sejam também feitas pelo Sinal - gestos iguais, mas objetivos diferentes. De modo tradicional, o obreiro ao ingressar no Oriente em Loja aberta, saúda o Venerável pelo Sinal (desfazendo-o pela pena simbólica) e, sem voltar à Ordem, imediatamente prossegue no seu percurso. Do mesmo modo assim também se decorre quando da retirada do Oriente.
  • Se sua Loja pertencer ao Grande Oriente do Brasil, é só cumprir o ritual em vigência, pois o mesmo corretamente indica a colocação das colunas vestibulares B e J no átrio, ou vestíbulo do Templo. Não sei o que preconizam os rituais da Grande Loja Estadual ou os da COMAB, portanto vale mencionar que, certo ou errado, cumpre-se o ritual legalmente aprovado e em vigência. No caso da sua Loja pertencer ao GOB, não e o caso de "convencer o Quadro", mais sim o de cumprir a Lei - se for o caso, o Orador como fiscal da Lei deve, por dever de ofício, fazer cumprir o que está escrito - descumprimento do ritual é atitude delituosa. Em se mencionando a tradição do simbolismo do Rito Escocês, genuinamente as Colunas Vestibulares deveriam permanecer no vestíbulo (daí o nome vestibular), portanto ambas devem ladear a porta de entrada no átrio, tal como se apresentam alegoricamente mencionadas no Livro de Reis ou em Crônicas e Paralipomenos na Bíblia. Antes que os palpiteiros se arvorem a falar sandices, lembro que para se entrar no edifício, enxergamos o prédio primeiro pelo lado de fora - primeiro a garrafa, depois a rolha.
  • Não é procedimento necessário, senão seguir a ordem de entrada prevista no ritual (no caso do GOB). Em se seguindo essa ordenação, nada impede que o Mestre de Cerimônias mencione os nomes, mas repito: não é necessário fazer chamada individual. Eu diria inclusive, que isso só serve mesmo é para retardar o início dos trabalhos.
  • Por transformação de Loja não, pois isso seria excesso de preciosismo. Geralmente a decoração completa da Câmara do Meio se faz quando a Sessão é integralmente realizada no Terceiro Grau.
  • Sem dúvida, mas isso se tratará a parte.

Antes de dar por concluído eu gostaria de insistir para que quando me forem remetidas questões, é primordial que seja informado além do nome do consulente, da sua Loja, do rito, do Oriente (cidade) e do Estado da Federação, também seja mencionado o nome da Obediência, já que dependendo das questões, as mesmas devem ser respondidas conforme o ritual em vigência na Obediência, pois é sabido que, entre os seus rituais do mesmo rito, principalmente aqui no Brasil, existem várias diferenças de procedimentos. A não observação desse particular, nem sempre dá a resposta uma conclusão satisfatória. Devo mencionar ainda que pela imensa quantidade de correspondentes para comigo, me é humanamente impossível decorar todas essas características individualmente, assim, a cada consulta enviada, rogo, por favor, que seja observada essa orientação me enviando todos os dados possíveis.

T.F.A.

PEDRO JUK

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MAÇONARIA E RITUALÍSTICA - REAA

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 06/03/2017 o Respeitável Irmão Eduardo Adolfo Squef Manevy, Mestre Maçom Instalado, sem mencionar o nome da Loja, REAA, Oriente (Vale) de Encarnacion, Paraguay, solicita as informações seguintes através do meu blog https://pedro-juk.webnode.com

MAÇONARIA E RITUALÍSTICA - REAA

Mi Querido y Respetado Hermano, soy iniciado en los misterios Masonicos en el año 1998, soy MM\, tambien soy Maestro Instalado. Pertenezco al Valle de Encarnacion, Oriente de Paraguay. Me gustaria recibir de vuestro bastisimo conocimiento sobre Masoneria, informaciones sobre nuestra noble Institucion, principalmente sobre Ritualismo, principalmente del REAA. Tus aclaraciones sobre Ritualistica ayudan mucho a mi entendimiento profundo de nuestra filosofia.

CONSIDERAÇÕES.

Prezado Irmão, escrever a respeito da Maçonaria, sua história e sua filosofia, mesmo que só de um dos seus ritos, como e o caso do REAA.'., eu temo que tenha de escrever alguns espessos volumes a respeito. Assim, penso que seria melhor se o nobre Irmão pudesse elencar questões a respeito enviando-as em seguida para minha pessoa para análise e possíveis respostas.

Como eu sou adepto da autenticidade, enxergo a nossa Ordem sob a égide da razão. Entendo-a historicamente como uma Instituição herdeira do ofício perpetrado pelos canteiros medievas, cuja história tem aproximadamente oitocentos anos de existência - obviamente em se despindo das falsas interpretações que alguns temerariamente querem dar sobre as lendas e alegorias que promovem o arcabouço doutrinário da Moderna Maçonaria.

Observo a Ordem Maçônica, atualmente, como herdeira de duas vertentes universais - uma de feição teísta, a anglo-saxônica, e a outra de feição deísta, a de vertente francesa. Entretanto, ainda nesse particular, existem características que devem ser levadas em consideração. É o caso, por exemplo, do REAA.'. que é um rito originário da França, mas que por motivos conjunturais de separação do franco-maçônico básico dos altos graus, acabou sofrendo também fortes influências anglo-saxônicas (teístas).

Além dessas conjunturas maçônicas, a Maçonaria e os seus ritos, particularmente o REAA.'., ao longo da sua existência sofreu - e ainda vem sofrendo - inúmeras intervenções falaciosas transformando-o, conforme as circunstâncias, numa verdadeira "colcha de retalhos" (figuradamente, é uma mistura de elementos estranhos à sua doutrina).

Nesse caso então, é necessária primeira a separação do joio do trigo, pois palpiteiros, ufanistas e mal intencionados, como ervas-daninhas se espalham sobre o solo da literatura e da prática maçônica universal.

Ainda sobre o REEA.'., para citar só ele dentro da constelação de ritos maçônicos, o mesmo é um sistema à parte e precisa ser muito bem compreendido quanto as suas origens e os seus documentos básicos, destacando-se inclusive o seu nome como "escocês", cuja história, filosofia e ritualística não têm nenhuma raiz com a Escócia (país situado ao norte da Bretanha), senão um longínquo elo de razão revolucionária adquirida na revolução puritana de Cromwell em 1.649 com a deposição dos Stuarts (reis católicos naturais da Escócia) do reino inglês. Na verdade o termo "escocês", segundo alguns autores, como nome associado a um rito é oriundo de uma distinção existencial (alcunha) entre grupos maçônicos exilados em solo francês no século XVIII. Tanto que isso pode ser verificado ainda hoje, já que na Europa é comum o rito ser conhecido apenas como Rito Antigo e Aceito.

Ainda no que diz respeito do escocesismo, outra consideração importante é a de que desde a criação da sua estrutura original com o Rito de Héredon e os seus 25 graus até a criação do Supremo Conselho em 1.801 com 33 graus já sobre solo norte-americano, o Rito não conviveu com graus simbólicos próprios (originais). Historicamente se sabe que desde os primeiros tempos do Supremo Conselho Mãe do Mundo do REAA\, para praticar os três primeiros graus, o Rito se valeu das Lojas Azuis, ou do Craft norte-americano que, por sua vez, é filho espiritual da Maçonaria inglesa.

Na verdade, como REAA.'., originalmente ele foi criado do grau 4 até o 33, cuja prática do franco maçônico básico (simbolismo) se fazia (e ainda hoje se faz na maioria das Lojas nos E.U.A.) através do Craft norte-americano, muito conhecido como Rito de York (americano).

O simbolismo original do Rito Escocês Antigo e Aceito só viria aparecer em 1.804 com o advento do primeiro ritual simbólico em solo francês. Isso aconteceria sob a égide do Segundo Supremo Conselho (o da França) e do Grande Oriente da França.

Assim esse primeiro ritual, mesmo em solo francês e por razões circunstanciais, acabaria influenciado pela vertente antiga de Maçonaria praticada pelas Lojas Azuis norte-americanas, isso porque o ritual teria sido estruturado por maçons franceses de retorno à França oriundos dos Estados Unidos da América do Norte. Essa é a razão da influência anglo-saxônica sobre o escocesismo simbólico.

Sob esse particular, destaque-se o panorama da prática maçônica que ocorria na França da época. Naquela oportunidade o sistema "antigo" praticado pela Grande Loja dos Antigos de 1.751 que se opunha a Grande Loja dos Modernos de 1.717 na Inglaterra, era completamente desconhecido dos franceses, já que a Maçonaria francesa vivia naquela oportunidade sob a influência inglesa da Grande Loja dos Modernos. Já os "antigos", por razões históricas, influenciavam a Maçonaria norte-americana e as suas Lojas Azuis.

Em síntese esse é um capítulo que tem de ser observado à parte para melhor se compreender a existência dos termos "antigos e modernos" oriundos das escaramuças entre as duas Grandes Lojas rivais que, em 1.813, culminaria com a união e fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra. Na verdade, todo esse teatro histórico influenciaria também a Maçonaria francesa e, por conseguinte os seus filhos espirituais como é o caso do REAA\.

Com a intenção de alertar para a complexidade do assunto é que produzi esse breve relato que vai acomodado na carruagem da história. Os fatos verídicos obrigatoriamente dependem de uma observação isenta dos acontecimentos. Assim, para não se fugir da regra, produzir algo que envolva a história e o simbolismo de um rito maçônico requer prudência e bom senso no tratamento dos fatos e na classificação acadêmica das evidências primárias.

Desse modo, eu sugiro que o Irmão planeje primeiro uma pauta indicando paulatinamente as suas dúvidas para que possamos juntos, na medida do possível, tentar esclarecer as dúvidas.

T.F.A.

PEDRO JUK

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PEÇA DE ARQUITETURA

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 06/03/2017 o Respeitável Irmão Petrônio Cardoso, sem mencionar o nome da Loja nem o Rito, GOB-MG, Oriente de Campo Belo, Estado de Minas Gerais, solicita o seguinte esclarecimento:

PEÇA DE ARQUITETURA

O termo "Peça de Arquitetura" significa que no "Edifício Social", colocou-se mais uma "melhoria"... "aprimorou-se"?

É isso?

CONSIDERAÇÕES.

O termo "arquitetura" está simbolicamente relacionado à Maçonaria devido a Arte de Construir e o desenvolvimento do projeto da construção serem escopos da Ordem.

Essa relação esteve ligada literalmente à Maçonaria de Ofício (Operativa) na época dos construtores medievais e simbolicamente à Moderna Maçonaria que é especulativa por excelência. Essa afinidade pode, inclusive, ser observado pela adoção de instrumentos maçônicos de alto valor simbólico, como o Esquadro, o Nível, o Prumo, o Lápis, a Régua, etc. Graças a isso é que na totalidade dos ritos maçônicos, "Deus", tem o título de o "Grande Arquiteto do Universo", ou "Àquele" que arquitetou, planejou a Criação.

Sob esse ponto de vista simbólico, a prática da Moderna Maçonaria adotaria para o seu vocabulário palavras, títulos e convenções relacionadas à arquitetura, dentre as quais a da "peça de arquitetura" que é como se denominam os escritos produzidos pelos seus membros como trabalhos na Ordem.

Quanto ao que menciona sua questão, eu não diria que ela significa tão diretamente à melhoria ou aprimoramento do edifício social, mas sim daquele que o constrói, ou seja, mostra que o que produziu tem aptidão para construir o edifício. Talvez sob o ponto de vista indireto de aprimoramento do edifício, haja até possibilidade de se fazer alguma analogia nesse sentido.

Destaque-se que somente uma peça de arquitetura de boa qualidade pode contribuir, enquanto a de má qualidade é componente impróprio para a boa construção, daí não há como generalizar simplesmente o título ao ponto de ser ele um elemento de melhoria e aprimoramento do edifício, pois dele depende o conteúdo.

O título "peça de arquitetura", prudentemente ficaria mais bem compreendido como sendo uma relação figurada do esmero da sua produção e da qualidade da sua substância.

T.F.A.

PEDRO JUK

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ESTRUTURA BÍBLICA E A MAÇONARIA

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 05/03/2017 o Respeitável Irmão Wesley Pereira dos Santos, Loja Virtus et Labor, Trabalho de Emulação, GOB-PR, Oriente de Maringá, Estado do Paraná, formula seguinte questão através do meu blog: https://pedro-juk.webnode.com/

MAÇONARIA E ESTRUTURA BÍBLICA

Iniciei na instituição em 1978, e sempre ouvi dos doutos veneráveis a seguinte afirmação, que o Livro Sagrado da Maçonaria é a Bíblia. E que sempre o juramento do iniciado e ao galgar os graus é feito com a mão direita sobre a bíblia. Até ai tudo certo. Mas afirmam também que o juramento pode ser feito sobre qualquer outro livro respeitando a religião ou a fé do iniciado. Na historia da maçonaria, e muitos de seus graus são baseados na construção do templo de Salomão que é simplesmente uma lenda judaica, A Palavra de Passe do Grau de Companheiro foi retirada das Sagradas Escrituras, mais propriamente do Velho Testamento, Livro dos Juízes - Cap. 12. Outro exemplo cito Jaquim e Boaz origina da narrativa bíblica do Templo do Rei Salomão.....etc. etc.

Alguns graus filosóficos são graus com temas essencialmente cristãos, e cito como exemplo o grau 18, inteiramente cristianizado e a obrigatoriedade de ele ter que ser realizado nas quintas-feiras santas, no horário em que Jesus teria realizado a sua última ceia com seus discípulos. Essa tradição denota a inspiração cristã do grau, no sentido de que essa simbologia evoca um rito de passagem muito caro aos cristãos, que é a Santa Ceia. E não faltam outros exemplos; Escada de Jacó, Assim se toda filosofia maçônica é baseada na construção do templo de Salomão, como pode uma profano adepto do Islamismo vai seguir a filosofia maçônica que é toda judaica por essência. Por ultimo onde esta escrita que o individuo pode fazer o juramento sobre o alcorão ou qualquer outro livro religioso?

CONSIDERAÇÕES.

Na questão "o Livro Sagrado da Maçonaria é a Bíblia", digamos que ele, independente do seu título religioso, seja o Livro da Lei do Maçom, onde ele, o maçom, perante o seu próprio código de moral e ética, exprime e presta a sua obrigação perante uma assembleia maçônica.

Obviamente que nos rincões terrenos do nosso Planeta de maioria cristã é mais do que natural à presença da Bíblia nas Lojas, entretanto nada impede que junto a ela também possa existir outro livro sagrado que seja pertinente à religião de alguém que terá de cumprir a liturgia iniciática da promessa e do comprometimento (juramento).

O termo "Livro da Lei" menciona então o Livro da religião do maçom, podendo ser ele o Corão, o Veda, a Torá, a Bíblia, etc.

Muitas vezes o Livro da Lei parece assumir sutilmente na Loja a característica representativa de uma religião, e isso ocorre devida a cultura comum da maioria religiosa do país onde se pratica Maçonaria, entretanto isso não significa prevalência ou preferência sobre as demais religiões e nem que a Maçonaria seja uma religião, até porque não é mote da Sublime Instituição apregoar qualquer divisão entre as crenças, desde que essas não atentem contra a lei, os costumes e a moral do país. É mote sim da Ordem Maçônica, além de promover a salutar convivência entre as religiões, também combater os atos de fanatismo e de superstição por entender que eles ocasionam flagelo para a Humanidade.

No que diz respeito à estrutura doutrinária dos ritos que compõem a Moderna Maçonaria, eu diria que por ser uma Instituição eclética ela reúne diversas lendas, alegorias e símbolos de inúmeras manifestações do pensamento humano, não só da Bíblia, mas também do Mitraísmo Persa, dos Mistérios de Elêusis, do Pitagorismo, do Hermetismo, etc.

Obviamente que existe prevalência de menções bíblicas na composição do ideário maçônico, isso pela razão das suas origens históricas à época da Francomaçonaria como herdeira direta das Associações Monásticas e das Confrarias Leigas. Não é demais lembrar que a Maçonaria floresceu a sombra da Igreja-Estado na Idade Média, portanto é bastante natural essa relação cultural, porém nunca, em razão disso, se deve fazer analogia como fosse ela uma doutrina religiosa - Maçonaria não é religião e nem se propõe doutrinar religiosamente alguém.

É natural que o maçom compreenda que o alicerce estrutural do simbolismo e da filosofia da Sublime Instituição é de construção simplesmente simbólica, cujos símbolos e alegorias propendem transportar o maçom ao aperfeiçoamento e isso, dentre outros, inclui respeitar à religião de outrem.

Todas as influências adquiridas das manifestações do pensamento humano pela Ordem maçônica visam principalmente elevar o homem ao respeito mútuo, ao amor ao próximo e à prática das virtudes.

Assim, todos os elementos colhidos das religiões pela Moderna Maçonaria servem como exemplo e formatam o projeto para a colheita dos bons frutos. Isso não é doutrina religiosa e as Lojas deveriam ensinar constantemente os seus membros a compreender essa importante diferença. Talvez se as Lojas se preocupassem mais com isso, não veríamos tantas tentativas que alguns insistem impor na tentativa de divulgar os seus credos pessoais com reverências às velas acesas, proferindo preces e orações, imaginando egrégoras(???), descarregando energias(???), vendo espíritos, imaginando que o Templo de Jerusalém fora construído por maçons, etc.

A Maçonaria ao mencionar lendas, narrativas e símbolos relacionados a textos e mensagens exaradas por livros religiosos, especialmente da Bíblia, não significa que ela está a divulgar uma religião. Religiões em Maçonaria são objetos de estudos históricos, filosóficos e de reflexão, não artifícios de doutrina.

Na construção de um Templo à Virtude Universal, proposta mor da Sublime Instituição, há que se aproveitar sociologicamente o elemento humano. Nisso aprendemos que no piso do Grande Templo, onde o Homem (Pedra Bruta) é trabalhado constantemente, mesmo existindo sobre ele diferenças entre raças, credos e religiões, nele haverá de reinar sempre a mais perfeita harmonia.

Assim a Maçonaria propõe que os seus adeptos vivam em perfeita união segundo os ditames da lei, independente se as suas crenças religiosas forem teístas ou deístas. Instruções, símbolos e alegorias que fazem parte do sistema velado maçônico não pertencem a nenhuma religião, mas sim de um sistema filosófico que procura afastar o Homem do obscurantismo e do erro. Participar desse teatro simbólico não é ato de conversão religiosa.

T.F.A.

PEDRO JUK

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DÚVIDAS NO OFÍCIO DOS DIÁCONOS

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 05/03/2017 o Respeitável Irmão José Luiz Horner Silveira, Loja Renovação, 3.387, GOB-SC, REAA, Oriente de Florianópolis, solicita os seguintes esclarecimentos através do meu blog: https://pedro-juk.webnode.com/

DÚVIDAS NO OFÍCIO DOS DIÁCONOS

Em primeiro lugar parabéns pelo trabalho realizado em nossa Ordem e parabéns pela nova ferramenta, o seu blog. Atualmente estou como Venerável Mestre de nossa Loja e recorro ao seu conhecimento ritualístico para nos auxiliar em um tema controverso em nossa Loja.

A questão é sobre a transmissão da Palavra Sagrada pelos Diáconos. Nesse caso são quatro dúvidas:

1) O 1° Diácono sobe os degraus do Trono, pelo Norte, com passos normais e coloca-se em frente ao Venerável Mestre. Pergunto: O 1° Diácono fica na frente do Venerável com o Altar entre eles? Como o Venerável vai chegar ao Diácono com o altar entre eles? Ou o 1° Diácono fica à direita do Venerável e este terá que se mover para transmitir a palavra? Ou ainda o Diácono vai até a direita do Venerável desta forma se a cadeira da direita do Venerável estiver ocupada, quem ocupa deverá sair para o Diácono chegar até o Venerável. Esta última é a utilizada em nossa Loja. Mas já ouvi questionamentos a esse respeito, por isso recorro ao nobre Irmão para nos orientar qual a forma correta nesse momento de nossa ritualística.

2) A palavra Sagrada é transmitida letra por letra e depois silabada? Ou apenas letra por letra como menciona o ritual.

3) Por qual o lado que os Diáconos chegam nas mesas dos Vigilantes?

4) No encerramento ritualístico o 1° Diácono faz a saudação ao Venerável Mestre antes de receber a palavra. Pergunto: o Venerável não desfaz o sinal para transmitir a palavra? O Diácono permanece com o sinal para receber a palavra do Venerável? No momento de transmitir a palavra para as Colunas os Diáconos fazem a saudação para os Vigilantes? Os Diáconos transmitem a palavra aos Vigilantes estando com ou sem sinal? Os Vigilantes recebem a palavra sem desfazer o sinal?

Desculpe a quantidade de perguntas, mas nosso ritual deixa a desejar em algumas passagens e cada Mestre faz da sua forma ou como aprendeu.

Gostaria de saber suas considerações a essas dúvidas.

CONSIDERAÇÕES.

  1. Embora o ritual careça ser aperfeiçoado, sobretudo nos seus explicativos, não há como se imaginar nessa oportunidade o Venerável e o Diácono tendo entre eles a mesa que serve como Altar e ainda o candelabro de três braços. Sem dúvida conceber isso é pura fertilidade de imaginação. Não há o que inventar.Genuinamente o Diácono sobe os três degraus que levam ao sólio pelo lado Norte do Altar. Atingindo o último piso ele se detém, ao tempo em que o Venerável vira-se para o Norte (lado do seu ombro direito), se aproxima e ambos ficam frente a frente para realizar a liturgia da transmissão. No que diz respeito a estar à cadeira de honra da direita ocupada nessa ocasião, mesmo assim o Venerável se aproxima do Diácono que o aguarda. Obviamente que nessa situação o ocupante do assento da direita, usando do bom senso, se afasta um pouco para dar lugar à execução da prática ritualística.
  2. A transmissão da Palavra Sagrada nessa circunstância não é ato de verificação de qualidade maçônica (telhamento). Essa transmissão tem outro sentido, e se reporta simbolicamente à aprumada e nivelamento dos cantos da obra, cujos antigos oficiais de chão (origem dos Diáconos) na época da Maçonaria Operativa eram os mensageiros que comunicavam as ordens pessoalmente do Mestre da Obra aos seus Vigilantes, destacando-se que era imenso o espaço onde se executava a construção. Com o advento da Moderna Maçonaria e o seu caráter especulativo, essa incumbência passou a ser simbólica, usando-se no lugar da sua prática efetiva o subterfúgio de se transmitir uma palavra. Isso significa que somente após estar tudo nivelado e aprumado (palavra correta) é que os trabalhos serão iniciados (vide as joias dos Vigilantes). Do mesmo modo, isso acontece no final da jornada, quando ocorre a conferência de tudo que fora produzido no Canteiro (Loja) - nessa alegoria está a origem do termo "justo e perfeito". Dadas essas breves explicações sobre o seu significado, a transmissão da Palavra (que não é telhamento) se dá apenas entre Mestres Maçons. Assim quem transmite a Palavra, transmite-a sussurrada conforme o costume do Grau de trabalho da Loja, porém sem haver nenhuma troca de letras ou sílabas entre os interlocutores - nessa oportunidade um transmite e o outro recebe (escuta).
  3. As Luzes da Loja, em qualquer situação, são sempre abordadas pelo seu lado direito (seu ombro direito). É oportuno salientar que não existe nenhum giro em torno das mesas ocupadas pelos Vigilantes, bem como do Altar ocupado pelo Venerável Mestre.
  4. Não se trata de saudação, mas sim o cumprimento da regra consuetudinária do REAA que preconiza o ato de se estar à Ordem sempre que um obreiro estiver em pé e parado em Loja aberta. Geralmente é feita essa comparação equivocada porque saudações em Loja - ao Venerável quando se ingressa e sai do Oriente e às Luzes após a formalidade da Marcha do Grau (as únicas saudações previstas no ritual) - são feitas também pelo Sinal do Grau (Sinal de Ordem). Devido o gesto ser análogo, muitos o tratam também como saudação maçônica, mas não é No que diz respeito à prática da transmissão da Palavra para o encerramento dos trabalhos, aconselha-se que os protagonistas desfaçam o Sinal no momento da transmissão e recepção da Palavra - além de prático, é mais confortável, deixa o gesto mais elegante e não fere a ritualística.

T.F.A.

PEDRO JUK

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CORRENTE NO LUGAR DA CORDA

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 03.03.2017 o Respeitável Irmão Paulo Assis Valduga, REAA, Oriente de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul, solicita o seguinte esclarecimento:

CORRENTE NO LUGAR DA CORDA DE 81 NÓS.

Lendo vossa coluna no JB News 2.346 (vai parar mesmo???!!!), na pergunta Nº 8 - sobre a Corda de 81 Nós que ornamenta nossos Templos no REAA, assaltou-me uma lembrança: na Argentina e Paraguai os Templos (REAA) são ornamentados com uma CORRENTE (corrente mesmo - ao vivo- ou desenhada/pintada); baseado em vossa ampla consideração sobre a pergunta do Irmão Álvaro Cesar, não resta dúvida que no REAA .'. o ornamento deve ser a Corda. Entretanto tomo a liberdade de perguntar: porque na Argentina e Paraguai usam uma corrente? Tem algum fundamento? Qual?

CONSIDERAÇÕES.

O símbolo para os ritos maçônicos que o adotam é mesmo a corda.

Quanto à questão do uso da corrente no lugar da corda, provavelmente tenha vindo também da época da Maçonaria de Ofício da Idade Média.

Segundo alguns autores, era costume também na época de que alguns canteiros eram marcados nos seus limites por uma pesada corrente que ia presa às argolas fixadas nas paliçadas (limitavam o espaço de trabalho). Embora esse costume não fosse tão comum devido ao seu custo e ao seu manuseio, algumas construtoras medievais se serviam dessa opção.

No caso da sua questão, eu não poderia afirmar essa possibilidade, mas provavelmente alguém resolveu adotar a corrente no lugar da corda tradicional com base nesse costume. Embora pouco convencional, ao que parece a moda pegou pelas bandas dos "Hermanos".

Não querendo usar de nenhum trocadilho, o melhor mesmo é não divulgar muito esse símbolo por aqui, senão a turma do "acha bonito" não demorará muito a incluí-lo em algum ritual. E daí Mano... Haja justificativa estapafúrdia para apreciarmos.

T.F.A.

PEDRO JUK

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SUBSTITUIÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 02/03/2017 o Respeitável Irmão Olmyr Ferreira Júnior, Loja Arautos do Bem, 3.603, REAA, GOB-PR, Oriente de Rio Azul, Estado do Paraná, solicita o seguinte esclarecimento:

SUBSTITUIÇÃO DO VENERÁVEL MESTRE.

Como seria a sucessão do Venerável Mestre em Sessão Ordinária, na sua ausência? Assume o 1º Vigilante mesmo havendo outros Mestres Instalados?

CONSIDERAÇÕES.

Sim, o substituto imediato do Venerável Mestre é por tradição o Primeiro Vigilante, inclusive, em se tratando do GOB, o Irmão pode consultar o Regulamento Geral da Federação (Art. 120, I) e verificar que uma das atribuições dele é a de substituir o Venerável. Obviamente que estamos falando sobre uma ocasião precária, não definitiva, pois num caso desses segue-se o previsto na legislação (nova eleição para o cargo).

No caso do REAA\ nas Sessões Magnas de Iniciação, Elevação e Exaltação é previsto regimentalmente em algumas Obediências a exemplo do GOB (Art. 43, I, RGF), sendo recomendável para outras que, na ausência não definitiva do Venerável Mestre, então seja o cargo preenchido por um Mestre Maçom Instalado, preferencialmente o mais recente. Essa orientação se dá devido o manuseio da Espada Flamejante quando da liturgia da sagração, sabendo-se que ela, a espada, só pode ser empunhada por um Venerável ou um ex-Venerável.

Mestre Maçom Instalado - é oportuno salientar que Mestre Instalado não é grau, senão uma "categoria especial honorífica" (vide Art. 42 do RGF).

T.F.A.

PEDRO JUK

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SAUDAÇÃO NO USO DA PALAVRA

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 16.02.2017 o Respeitável Irmão Ademar Hehnes Gardini, Loja Vicente Neiva, 22, Grande Oriente Paulista (COMAB), REAA, Oriente de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, pede a seguinte informação:

SAUDAÇÃO NO USO DA PALAVRA

Agradeceria esclarecimento para a seguinte dúvida:

Em Sessão Econômica, estando o Irmão Mestre Maçom em uma das Colunas, sentado, e o Venerável Mestre fazendo uma determinada pergunta, diretamente ao Irmão, este ao responder, após se levantar e saudar o Venerável, tem também que saudar os Irmãos, 1º e 2º Vigilantes e demais Irmãos da Loja?

CONSIDERAÇÕES.

Vamos por etapa. Em primeiro lugar o ato de alguém estar à Ordem, não significa necessariamente estar saudando outrem, embora qualquer saudação em Loja seja sempre feita pelo Sinal. Um Obreiro ao fazer o uso da palavra, no Rito em questão, primeiro deve ficar à Ordem, segundo, de modo protocolar, sem desfazer o Sinal, se dirige às Luzes mencionando-as e, em seguida faz o uso da palavra. Ao final da sua fala, antes de sentar, desfaz o Sinal pela pena simbólica e senta. Isso não é saudação.

Saudação em Loja se faz pelo Sinal, cujo gesto primeiro é o de compô-lo e imediatamente desfazê-lo em seguida pela pena simbólica (ação individual). Um exemplo de saudação é aquela feita a cada Luz da Loja (Venerável e os Vigilantes) após a Marcha do Grau. Outro exemplo é o de quando se ingressa ou se sai do Oriente - nessa oportunidade é comum se saudar o Venerável Mestre, ou o Delta conforme preconizam alguns rituais, etc.

Assim, quando do procedimento protocolar de se dirigir a alguém ao se usar a palavra em Loja não significa estar se saudando esse alguém, senão apenas seguir a praxe conforme a situação. Estar à Ordem nessa ocasião nada mais é do que o cumprimento de uma regra que preconiza a composição do Sinal ao se estar em pé e, antes de tomar assento novamente, desfaz-se o Sinal na forma de costume (ninguém fica à Ordem se estiver sentado).

Quanto à sua questão especificamente, se o Venerável interpelar alguém diretamente, não há necessidade desse alguém mencionar, ou se dirigir aos demais antes de responder, até porque na oportunidade o diálogo ocorre entre dois protagonistas apenas - um pergunta e o outro responde.

T.F.A.

PEDRO JUK

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DECORAÇÃO NA LOJA DE MESTRE

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 16/02/2016 o Respeitável Irmão André Ricardo Ferraz Roque, Loja Barão do Rio Branco, 03, REAA, GOIPE, Oriente de Arco Verde, Estado de Pernambuco, formula a questão seguinte.

DECORAÇÃO NA LOJA DE MESTRE.

Gostaria que o Irmão me tirasse duas dúvidas a seguir:

  • Consta em nosso Ritual de Mestre Maçom (GOIPE) que a Loja de Mestre Maçom deve ter as paredes forradas de preto e deve ser iluminada apenas por 09 velas ou lâmpadas. Um Irmão Mestre Instalado insiste em afirmar que este procedimento só é utilizado na Sessão Magna de Exaltação e que na Sessão econômica de Mestre as luzes devem ficar acesas. Em minha opinião devemos proceder como está no ritual. Este Irmão está certo em sua afirmação?
  • 2- Ainda sobre o Grau de Mestre Maçom, o Sinal de H.'. deve ser feito levantando-se as mm.'. e os oo.'. p.'. o céu dizendo "A.'. S.'.Ç M.'. D.'.", após o qual devemos deixar cair às mm.'. sobre o av.'.. A dúvida é a seguinte: após levantar as mm.'. e quando deixarmos cair sobre o av.'. fazemos isso apenas uma vez ou batemos as mm.'. no av.'. 3 vezes.

CONSIDERAÇÕES.

Na primeira questão existem dois pontos para serem considerados:

O primeiro é que a decoração da Loja em Câmara do Meio é aquela prevista no Ritual. Em síntese não existem decorações diferenciadas para uma Loja de Terceiro Grau sendo ela Magna ou Econômica (ordinária), entretanto, como segundo ponto a ser observado, é que muitos rituais nas Sessões Econômicas (ordinárias) em Grau de Mestre têm adotado, por uma questão de conforto, sobretudo em momentos de leitura e escrita, que todas as luzes que iluminam o recinto se mantenham acesas - não só as litúrgicas.

Ainda em relação a essa questão, já que a mesma não está prevista no Ritual, a sua Obediência então poderia expedir uma normativa oficial através da Secretaria de Orientação Ritualística que previsse essa diferenciação no intuito de atender as necessidades conforme a característica da sessão (magna ou econômica).

A rigor, muitos rituais já preveem essa diferenciação, inclusive não só com relação à iluminação do ambiente, mas também com a retirada de utensílios e mobiliários que são usados apenas na teatralização prevista na Sessão Magna de Exaltação. Entretanto, sob o ponto de vista legal, essas adaptações só podem ser feitas se estiverem amparadas por um instrumento legal. Se nada nesse sentido existir, rigorosamente segue-se o previsto no ritual em vigência.

Quanto à segunda questão, a relativa ao Sinal de H.'., bate-se uníssono com as duas mm\ sobre o av.'. por três vezes. Como o Sinal de H.'. se repete por três vezes, o número de pancadas uníssonas sobre o av.'. ao final se iguala à da Bat.'. do M.'.M.'..

T.F.A.

PEDRO JUK

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MARCHA DO APRENDIZ

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 30/01/2016 o Respeitável Irmão Joaquim Guimarães Maia Neto, Loja Fênix do Alto do Paranaíba, GOB-MG, sem mencionar o nome do Rito, Oriente de Patos de Minas, Estado de Minas Gerais, solicita o que segue:

MARCHA DE APRENDIZ

Queria, por favor, suas considerações sobre o trabalho montado por um Irmão (...) sobre a Marcha do Aprendiz Maçom. Achei um pouco pesada por alguns termos usados. Espero suas opiniões para que possa apresenta-la em uma sessão do Grau 1.

CONSIDERAÇÕES.

Prefiro não criticar amiúde o trabalho de outrem. Em vez disso vou tecer aqui algumas das minhas considerações sobre o significado da Marcha do Grau sob o ponto de vista da escola autêntica, de modo a compreender sob essa óptica os reais propósitos da Ordem.

Com lucidez e sem lançar mão do imaginário que geralmente envolve concepções ocultistas e quando não, credos e opiniões pessoais que não pertencem ao ideário da razão, o melhor mesmo é estabelecer relações lógicas, de conhecer, de compreender e de raciocinar, utilizando bom senso, juízo e prudência.

Infelizmente a Sublime Instituição pela sua característica de tolerância e liberdade, vem sofrendo ao longo da sua existência especulativa o bombardeio de uma série de conceitos e concepções muitas vezes afastadas da lógica e da razão.

Especificamente no que tange a alegoria da Marcha do Grau (nos ritos que a possuem), inúmeras ilações e até mesmo invenções, tem povoado o imaginário de alguns autores. É comum nos depararmos com ideias, como por exemplo, que querem justificar o inventivo arrastar dos pés na Marcha do Primeiro Grau, ligando-o a um pretenso campo de força do pensamento ou a formação de egrégora (que, aliás, nem existe definição do que é no nosso vernáculo). Na verdade, tudo isso nada mais é do que mera especulação perpetrada por aqueles que querem fazer da Maçonaria sua própria passarela por onde desfilam suas convicções pessoais.

Ora, ao tempo de aplicar todo esse exercício de imaginação, que não raras vezes atenta contra a paciência da coletividade, melhor seria é se despir dessas concepções e tentar entender a estrutura doutrinária da Moderna Maçonaria em geral e dos seus Ritos em particular.

Pensando em colaborar com esse pensamento, vou descrever sinteticamente e sem esgotar o assunto, alguns elementos que possam levar a reflexão e dar suporte para a compreensão saudável da alegoria da Marcha do Grau de Aprendiz no REAA. Talvez por si só até fazer uma avaliação criteriosa comparando essa minha resumida explanação com a Peça de Arquitetura que me fora por vos enviada e que mereceu a questão aqui levantada. Seguem os apontamentos:

  1. A alegoria da Marcha do Grau impreterivelmente está associada à doutrina do REAA. Por assim dizer, é imperioso compreender que o Rito em questão é de origem francesa e, por sua vez possui características deístas, portanto o seu método de busca do aperfeiçoamento se embasa simbolicamente nas Leis da Natureza. Assim o caminho do primeiro ciclo (Aprendiz) representa comparativamente à renovação primaveril. Em tese, com o término do Inverno, caminhando em direção à Luz o Obreiro que acabou de recebê-la, mesmo que tenuamente rompe a marcha na sua direção - partindo do Ocidente em direção ao Oriente (o lugar da Luz).
  2. À procura de mais Luz o Aprendiz exercita o caminho da retidão sobre o eixo do Templo (equador) tendo como guia a Esquadro (posição dos pés) o que o faz palmilhando passo a passo em linha reta. A Maçonaria ensina que a retidão é a vereda dos justos.
  3. Esquadrejando passo a passo como que estivesse usando de cautela, o Aprendiz avança com o seu p\ esq\ pelo solo ainda pouco iluminado (Ocidente). Ainda que com prudência, mas com passo normal, segue a interseção das linhas que formam os ângulos que constituem o Pavimento Mosaico. Assim, o Aprendiz dá três passos começando por avançar o p\ esq\ juntando a cada passo pelos cc\ o p\ dir\ em esq\. O termo passos normais significa aqui que não se devem arrastar os pés.
  4. Representando a evolução e o aperfeiçoamento humano a Marcha em direção à Luz ratifica esse objetivo. Como sendo o único caso em que se anda à Ordem, desde cedo o Aprendiz aprende que estará sempre pronto e a disposição para servir (é o significado do termo "à Ordem").
  5. Os três passos, dentre outros, representando a vereda dos justos, cada passo concebe um ciclo que será cumprido na sua jornada. No futuro ao alcançar sucessivamente cada uma dessas etapas, mais mistérios lhe serão revelados (aumentos de salário). Partindo do número um ele chegará ao número três, afinal essa uma regra da Natureza - todos haverão de passar pelas três etapas da vida: a infância, a juventude e a maturidade (primavera, verão e outono).

Assim, ficam aqui algumas ponderações a respeito da Marcha do Grau do Aprendiz, mas sem o subterfúgio da fertilidade do imaginário.

Em busca do aperfeiçoamento, o Homem deve palmilhar os caminhos da vida e da lógica com serenidade e constância. Não há como se aproximar da perfeição sem que antes se investigue amiúde a Verdade. Não é divisa de um maçom estacionar ou recuar à sombra da imaginação, beber das ilações e se alimentar das crenças temerárias.

A Marcha, desde cedo nos ensina a nunca retroceder na busca do objetivo (perseverança), porém alcança-lo, mesmo que no futuro nos deparemos com um caminho sinuoso, já que no fim da jornada, a Luz estará no Oriente. (se bem observada e compreendida a Arte, esse último parágrafo é um resumo do significado das três Marchas do simbolismo).

T.F.A.

PEDRO JUK

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DECORAIS E ABRILHANTAIS III

RESPOSTA - MARÇO/2017

Em 28/01/2017 o Irmão Anderson Rezende Villela Bolcato, Loja Deus e Caridade 7, nº 0954, REAA, GOB-MG, Oriente de Lavras, Estado de Minas Gerais, solicita o seguinte esclarecimento:

DECORAIS E ABRILHANTAIS.

Eu gostaria de perguntar ao Irmão qual o significado mais profundo das expressões "Irmãos que decorais a Coluna do Norte" e "Irmãos que abrilhantais a Coluna do Sul" utilizadas em nosso ritual de Aprendiz do REAA, ou seja, porque os Irmãos do Norte "decoram" e as do Sul "abrilhantam" suas respectivas Colunas?

CONSIDERAÇÕES:

No caso do Primeiro Vigilante e a locução "(...) decorais a Coluna do Norte" existem dois feitios para serem considerados: Primeiro, DECORAR, como verbo transitivo direto que menciona o ato de guarnecer com adorno, ornamentar, realçar, avivar, etc. Nesse sentido o significado está diretamente ligado à Meia-Noite que em linhas gerais representa de forma figurada a maturidade e a aproximação do fim da vida. A Obra, nessa definição, é o elemento construído ao longo da vida que, se bem aplicada e bem produzida decorou a passagem do Homem pela efêmera vida terrena. Em síntese é a moldura do quadro da vida. No segundo aspecto e de caráter exteriorizado seria do verbo "decorar" com transitivo direto e indireto que exprime dentre outros o caráter de "honrar, enobrecer". Assim o significado está diretamente adequado àqueles que se posicionam na Coluna do Norte, cujo intuito é também o de horar e enobrecer aquele espaço de trabalho, ou seja: os que horam e enobrecem Setentrião.

No caso do Segundo Vigilante e a locução "(...) abrilhantais a Coluna do Sul", ABRILHANTAR concerne ao Meio-Dia e a ação da Luz que abrilhanta a elevação da Obra. Nesse sentido o Meio-Dia, ou Sul está representado pelo quadrante por onde a Luz se desloca, ou a passagem do Sol (do ponto de vista do Hemisfério Norte). No próprio Painel da Loja, há que se notar a existência de três janelas - uma no Oriente, uma no Sul e a outra no Ocidente. Isso demonstra a marcha da Luz. Daí, nessa relação não existir janela na banda Norte. Por assim ser o verbo "abrilhantar" tido como verbo transitivo direto menciona dar brilho, ou luz viva para alguma coisa. Também tornar brilhante, luzente e reluzente. Isso implica que o Obreiro dá Luz ao trabalho, tornando-o brilhante, reluzente. Esse trabalho é a obra elevada, ou a Obra da Vida. ABRILHANTAR, ainda como verbo transitivo direto, implica em dar brilho, realçar, etc. Também completa a explicação se tomado como verbo pronominal que exara a tornar-se brilhante, reluzente, adquirir maior brilho, maior realce; realçar-se. Assim o verbo "abrilhantar" sugere uma ligação direta, em termos de Maçonaria, com os ocupantes da Coluna do Sul, donde o Segundo Vigilante observa a passagem no Sol no meridiano do Meio-Dia, tendo sobre si, no caso do Rito Escocês Antigo e Aceito a Estrela Flamejante, apresentada como a Estrela Hominal (objeto de estudo do Companheiro) que recebe a luz e abrilhanta, posto que ela, a Estrela, representa o Homem e a sua Obra (letra G=geometria) na fase intermediária da vida - entre a infância e a maturidade.

T.F.A.

PEDRO JUK

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